Estados Unidos x Coréia do Sul: empate amarga a penúltima partida de Carli Lloyd pela seleção

Reprodução/Twitter @USWNT

Em partida amistosa válida pela Data Fifa de outubro, no último dia 21, Estados Unidos e Coréia do Sul se enfrentaram no Estádio Children’s Mercy Park, em Kansas City, Kansas. Com atuação inspirada da goleira sul-coreana Yoon Young-geul, além dos diversos erros de execução estadunidenses, o placar da peleja não se movimentou.

O confronto, que simbolizou a penúltima performance de Carli Lloyd com a camisa dos Estados Unidos, também ficou marcado pela cerimônia de 100 partidas de Lindsey Horan defendendo o conjunto nacional. Horan, que completou a marca histórica durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, na partida contra a Nova Zelândia, recebeu a tradicional homenagem feita pela US Soccer – Federação de Futebol dos Estados Unidos – antes da partida.

Lindsey Horan e sua família em homenagem pré-jogo. Imagem: reprodução/twitter: @USWNT

Além dos marcos supracitados, Lloyd e Horan protagonizaram outro momento antes da bola rolar. Em seu perfil no Instagram, a lendária jogadora da USWNT fez uma postagem na qual passou, de forma simbólica, seu número para Horan, que passará a vestir a #10 a partir da Data Fifa de novembro.

O JOGO

A equipe estadunidense foi para campo com sua tradicional formação 4-1-2-3, com Horan, assim como no período pré-olímpico e na Olimpíada, atuando como primeira volante. No outro lado da moeda, as sul-coreanas se postaram em um 4-4-2, que variou, em alguns momentos defensivos, para um 5-4-1 (uma das meio-campistas descia para a linha de zaga e uma das atacantes cobria o setor de meio-campo).

As donas da casa começaram girando a bola no setor de ataque, mas com concentração maior pela direita, nas associações entre Kelley O’Hara, Rose Lavelle e Tobin Heath. Mesmo priorizando a defesa, a equipe visitante estava ligada no contra-ataque, criando suas duas primeiras oportunidades no jogo aos 8 e 9 minutos, ambas bloqueadas pela zagueira Tierna Davidson.

A torcida, que lotou o estádio, quase comemorou por duas vezes um gol de Horan. Aos 13 minutos, a meia, que se deslocou pela direita, chutou colocado de fora da área. A bola caprichosamente beijou a trave e saiu pela linha de fundo. Cinco minutos depois, a atleta infiltrou na área pela esquerda e, completamente desmarcada, finalizou de cabeça o cruzamento perfeito de O’Hara. O arremate foi ruim e ficou fácil para a defesa de Yoon.

O momento era de pressão das estadunidenses. Aos 20, Heath enfiou bela bola para Alex Morgan, porém a atacante parou na arqueira sul-coreana, que demonstrou ótima explosão e velocidade de reação no lance.

A Coréia do Sul se portou muito bem na primeira etapa. Extremamente disciplinada e organizada, a equipe asiática trouxe desafios para as norte-americanas, protegendo sua área e as entrelinhas. Em poucos momentos, o time trocou passes no campo de ataque – sempre sob a influência de Ji So-yun, meio-campista do Chelsea-ING – e envolveu as donas da casa. A melhor chance veio dos pés de Jang Sel-gi, que emendou rasteiro de fora, porém parou na boa defesa de Adrianna Franch (goleira que jogou em casa. Nascida no Kansas e que defende o KC NWSL).

No entanto, não foi um período sem erros das visitantes. Por algumas vezes, o time vacilou no setor defensivo, o que, contra um conjunto tão forte como o dos Estados Unidos, acaba sendo inevitável. Megan Rapinoe e Morgan, por exemplo, receberam presentes, mas não capitalizaram.

Vlatko Andonovski, treinador da seleção estadunidense, mexeu 3 vezes no intervalo. Catarina Macario, Rapinoe e Heath saíram para as entradas de Kristie Mewis, Mal Pugh e Sophia Smith. As duas últimas trouxeram agressividade e velocidade para o ataque do time, que passou a incomodar mais a defesa adversária.

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Sophia Smith, um dos destaques da segunda etapa, luta pela bola contra as sul-coreanas. Imagem: reprodução/twitter @USWNT

Aos 49 minutos, Lavelle fez boa jogada individual aproveitando duas de suas principais características – a condução e o drible em velocidade – e passou para Mewis, que finalizou por cima. Minutos depois, a mesma Lavelle quase marcou de cabeça, valendo-se de bela cobrança de escanteio de Pugh, mas parou em mais uma excelente intervenção de Yoon.

Quando o cronometro marcou 62, a torcida veio abaixo com a entrada de Lloyd. A atacante quase encontrou o caminho das redes aos 75 minutos. Após boa trama entre Smith e Pugh, a camisa 10 recebeu da última, conduziu e finalizou de esquerda. Novamente, a parede sul-coreana trabalhou, fazendo providencial defesa com os pés.

Nos instantes finais, buscando evitar com que o placar terminasse zerado, o time da casa partiu para o abafa. Pugh, uma vez, e Lloyd, duas, tiveram chances, mas não alcançaram sucesso. A Coréia do Sul ainda teve alguns contra-ataques, porém pecou na execução.

Alguns dos principais lances da partida. Reprodução/twitter @USWNT

DESTAQUES FINAIS

Não é de hoje que o conjunto comandado por Andonovski não consegue performar bem. Tomando como base o período pré-olímpico e olímpico, nota-se que, por muitas vezes, as ações dentro de campo têm ficado previsíveis. O treinador não tem conseguido potencializar suas atletas, além de não ter encontrado variações e encaixes para minimizar a ausência de Julie Ertz. Ademais, em diversos momentos, a equipe tem pecado no acabamento das jogadas e nas tomadas de decisão.

Insistir em Horan como primeira volante é um erro grande. Primeiro, pelo fato de a atleta não ter a marcação como principal atributo, o que influencia no desempenho defensivo coletivo. Segundo, por prejudicar o jogo da própria atleta. A meia, que tem veia criativa e ofensiva, produz muito mais quando atua próxima à área. Duas das principais chances da equipe na partida aconteceram dessa forma. Outra implicação: quando Horan sobe para o ataque, o que vimos algumas (várias) vezes, outra meia precisa fazer o balanço. No caso, Macario ou Lavelle. Nenhuma das duas se mostrou confortável no jogo para desempenhar tal função.

A equipe sul-coreana, que, no geral, teve boa performance defensiva, conquistou o segundo empate consecutivo em território americano. O primeiro foi na despedida de Jill Ellis, no dia 06/10/2019.

Os conjuntos nacionais voltam a se enfrentar na próxima terça-feira, 26 de outubro, às 21 horas de Brasília. O jogo marcará a despedida definitiva de Carli Lloyd com a camisa dos Estados Unidos.

FICHA TÉCNICA

Competição: Amistoso Data Fifa

Local: Estádio Children’s Mercy Park – Kansas City, Kansas, Estados Unidos

Público: 18.467 presentes (lotação completa)

Horário: 21h (de Brasília)

Transmissão: ESPN2 e Star+

Cartão amarelo: Lindsey Horan (Estados Unidos)

ESTADOS UNIDOS: Adrianna Franch; Kelley O’Hara, Becky Sauerbrunn, Tierna Davidson, Casey Krueger (Emily Fox); Rose Lavelle, Lindsey Horan, Catarina Macario (Kristie Mewis); Tobin Heath (Sophia Smith), Alex Morgan (Carli Lloyd) e Megan Rapinoe (Mal Pugh). Técnico: Vlatko Andonovski.

CORÉIA DO SUL: Yoon Young-geul; Choo Hyo-joo (Jeong Yeong-a), Lim Seon-joo, Hong Hye-ji, Jang Sel-ji; Park Yee-Um (Yeo Min-ji), Lee Young-ju, Ji So-yun, Cho So-hyun; Lee Geum-min (Kim Hye-ri) e Choe Yun-ri. Técnico: Colin Bell.

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