O Torneio Olímpico de Futebol e suas Particularidades

Foto: Divulgação/Tóquio 2020

A Olimpíada está finalmente chegando. Adiados de 2020 para 2021 por causa da pandemia do coronavírus, os Jogos Olímpicos de Tóquio serão realizados entre os dias 23 de julho e 8 de agosto no Japão. Como já é tradição, as partidas de futebol terão início antes da abertura oficial do evento, sendo o Torneio Olímpico de Futebol Feminino disputado entre os dias 21 de julho e 6 de agosto. Essa proximidade me motivou, então, a escrever alguns textos relacionados à Olimpíada e ao futebol feminino, sendo este o ponto de partida.

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Foto: Divulgação/Tóquio 2020

O Torneio Olímpico de Futebol e a Copa do Mundo são as principais competições do calendário de seleções da modalidade. No entanto cada um possui suas peculiaridades, o que traz a necessidade de olharmos de forma diferente para eles.

O futebol feminino nos Jogos de Tóquio será disputado em um intervalo de 17 dias. As seleções que alcançarem a final olímpica terão jogado, nesse período, 6 partidas (3 pela fase de grupos, 1 pelas quartas de final, 1 pela semifinal e 1 na própria final). Comparativamente, a Copa do Mundo de 2019 aconteceu na França em um intervalo de 31 dias, tendo sido necessário a realização de 7 partidas para chegar na final do Mundial (3 pela fase de grupos, 1 pelas oitavas de final, 1 pelas quartas de final, 1 pela semifinal e 1 na final). Logo, vemos que o futebol na Olímpiada é muito mais condensado do que na Copa do Mundo, durando 14 dias a menos. Mas apesar da grande diferença de duração, não vemos uma redução elevada no número de jogos, sendo apenas 1 a menos.

Outra peculiaridade está na quantidade de atletas convocadas. Enquanto no Mundial cada seleção pode contar com 23 jogadoras, nos Jogos Olímpicos esse número se limita a 18 no elenco. Além dessas, cada seleção deve convocar mais 4 atletas como alternates (é como se fosse uma “lista reserva”) para o caso de alguma necessidade de corte.

Tendo em vista que cada equipe será submetida a muitos jogos em um curto espaço de tempo (até 6 partidas em 17 dias), com pequeno intervalo para descanso e recuperação entre eles e poucas atletas disponíveis, cada comissão técnica precisa colocar na balança alguns fatores para decidir como montar sua lista de convocadas. Além disso é preciso lembrar também que a competição acontecerá ao longo do verão japonês, o que pode contribuir para um aumento ainda maior do desgaste do elenco entre os confrontos.

Seleção Brasileira com a medalha de prata na Olimpíada de Pequim, 2008. Da esquerda para a direita alguns destaques que jogam até hoje: Erika (terceira), Cristiane (quinta), Marta (sexta) Fabi Simões (sétima) e Bárbara (décima quinta). Imagem: reprodução/Globo Esporte

Vale a pena levar uma atleta muito boa tecnicamente, mas que não se encontra 100% fisicamente (ou que seja propensa a lesão)? É válido levar uma jogadora que se destaca no aspecto técnico ou no quesito experiência (é mais tarimbada, com mais “hype”), mas se desgasta com a sequência de jogos e rende pouco para o time em detrimento de uma jogadora mais coletiva, tática, que sofre menos com fadiga e que pode vir a somar contribuições — fazer compensações a outras companheiras de seleção — ao longo do torneio? Compensa levar menos jogadoras para um determinado setor do campo (defesa, meio ou ataque) para que se possa acomodar mais atletas em outro? Esses são alguns questionamentos que imagino que devem passar pela cabeça de cada treinador ao avaliar diversas situações e cenários que possam vir a encontrar nos Jogos Olímpicos.

Dessa forma, percebe-se que para construir uma lista de convocação olímpica é necessário conhecer o formato e as especificidades do torneio em questão, o que acaba aumentando as dúvidas e as dificuldades por parte de cada comissão técnica. Sendo fundamental, também, buscar uma contextualização nas ideias e modelos de jogo desejados, estudando os possíveis impactos ao planejamento almejado. Mas no fim é aquilo, grandes poderes vêm com grandes responsabilidades.

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