[Corriere della Sera] Aluko deixa a Itália: “Em Turim fui tratada como ladra ou como Escobar”

No campo era uma estrela da Juventus, Eniola Aluko, 32 anos, nascida na Nigéria e criada na Inglaterra, mas enquanto estava na estrada em Turim, tudo mudou. “Cansei de entrar nos comércios e ter a sensação de que o dono está esperando que eu roube alguma coisa”, escreveu no Guardian. “Mas também pode acontecer várias vezes de você estar no aeroporto e ser tratada como Pablo Escobar, ter os cães anti-droga em cima de você.” Advogada, colunista do jornal londrino, sempre empenhada na luta contra o racismo e todas as formas de discriminação, Aluko voltou para a Inglaterra, antecipando seu adeus à equipe bianconera.

Faltava estímulo e sentia saudade de casa, explicou, mas tinha outra coisa: o racismo. “Algumas vezes Turim parece que está alguns anos atrás a respeito da abertura à tipos diferentes de pessoas. E eu cansei.” É uma questão de vida, não do futebol. “Nunca recebi ataques racistas dos torcedores da Juve, nem no campeonato. Ainda se é um problema no futebol italiano e na Itália.” E não se faz muito para resolver esse problema. “A resposta que dão me preocupa: do presidente aos torcedores do futebol masculino, que o vêem [o racismo] como uma parte da cultura da torcida.”

Na cidade, a entende bem Ousmane Diop, jogador de basquete da Reale Mutua, senegalês de 19 anos, naturalizado italiano. “É verdade o que disse Eniola. As vezes acontece de entrar em um comércio ou outros lugares com os amigos e você é logo notado porque é de cor.” E ainda: “Você tem a percepção que te olham de maneira diferente, porque consideram as pessoas de cor como alguém que rouba ou faz coisa ruim. Não só em Turim, mas em todas as partes da Europa.”

Ainda mais que o racismo, Aluko fala de oferta cultural. “Eu gosto dos eventos, museus, negócios, e a variedade que se encontra em Turim não é como eu queria.” Algum tempo atrás havia dito o contrário de Sara Gama, ex companheira. “Os museus aqui são muito estimulantes.” Mas é a referência ao racismo que pesa mais.

“Sinto muito pelas suas palavras, Turim não é racista” rebate Maria Luisa Coppa, presidente da Ascom, associação dos comerciantes. “e estou certa de que dentro dos comércios a olhavam porque é uma bela mulher.”

Reportagem de Lorenzo Bettoni e Massimiliano Nerozzi, do jornal italiano Corriere della Sera, traduzido pela equipe do Planeta Futebol Feminino

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