Conheça Alex Morgan: mais que uma jogadora, uma marca.

Arte: @thayekovic

Há 8 anos, na Copa do Mundo da Alemanha, o mundo foi apresentado a uma das maiores revelações do futebol dos Estados Unidos da época. Alex Morgan tinha 22 anos recém completados e passava de apenas uma promessa para uma realidade.

A PROMESSA

Nascida na Califórnia, Morgan começou a jogar futebol em um clube de base com 14 anos. Jogou também pela escola e logo se destacou. Foi aluna e jogadora da University of Califórnia (Berkley) e começou a figurar nas listas de convocação de seleções de base. Em 2008, foi campeã da Copa do Mundo Sub-20 no Chile, em que foi a segunda maior goleadora do torneio.

Seu gol na final, inclusive, rendeu a ela o segundo lugar no concurso da FIFA de gols mais bonitos do ano.

Após o sucesso na base, Morgan passou a ser convocada constantemente pela seleção principal. Fez sua estreia em 2010 e foi convocada para a Copa do Mundo de 2011.

Pela pouca idade, Morgan iniciou o torneio no banco e nas primeiras partidas não teve papel de grande destaque. Fora dos campos, passou a chamar atenção por outro motivo. Foi muito comum vê-la destacada com palavras como “musa” e em diversas listas das mais belas jogadoras da Copa. No entanto, reduzi-la apenas a uma “musa” era pouco pra ela.

Com o passar da competição, ela se mostrou uma jogadora importante e realmente valiosa entrando no decorrer da partida. Foi assim que marcou seu primeiro gol em Copas do Mundo, na partida contra França na semifinal daquele mundial.

Morgan foi também um dos destaques da seleção americana na final contra o Japão. Entrou em campo no intervalo de jogo após lesão de Lauren Cheney, marcou um gol e anotou uma assistência.

A REALIDADE

Tornou-se titular absoluta da seleção americana e teve em 2012 o grande ano de sua carreira. Foi a principal jogadora da campanha do ouro olímpico em Londres. Marcou um dos gols mais antológicos do futebol dos Estados Unidos, que deu a vitória e vaga na final ao USWNT aos 123 minutos contra o Canadá. Com este gol, Morgan detém o recorde de gol mais tardio da história da FIFA.

Gol de Alex Morgan contra o Canadá na semifinal da Olimpíada de Londres.
Foto: Mark J. Rebilas-USA TODAY Sports

Também em 2012, teve um dos melhores desempenhos individuais de todos os tempos de uma jogadora de futebol. Marcou 28 gols e deu 21 assistências em 31 jogos. Uma média de 1.5 de participações em gol. Apesar disso, ficou em terceiro na disputa de Bola de Ouro da FIFA, perdendo para a companheira Abby Wambach.

Morgan passou a ser uma jogadora importante também para seus clubes. Jogou e conquistou títulos pelo New York Flash na WPS (extinga liga doméstica dos EUA), e pelo Portland Thorns na NWSL (atual liga). Também foi jogadora do Lyon, da França, a principal potencial mundial em termos de clubes. Atualmente, é atleta do Orland Pride.

FORA DOS CAMPOS

No auge de sua carreira, parecia que Morgan estava caminhando para se tornar (junto com Mia Hamm) a grande estrela que o futebol americano produziu. Além do desempenho esportivo, soube bem usar do seu apelo com o público para ser mais que uma atleta: tornou-se uma marca.

É uma das faces da Nike e já foi patrocinada por grandes marcas como Mc Donalds e Coca-Cola. Participou de filmes infantis como protagonista e lançou uma série de livros para crianças.

As crianças, aliás, são grande parte do público da atleta. Ao assistir uma partida dos Estados Unidos, vemos um mar de jovens meninas vestindo sua camisa 13.

Divulgação: Orlando Pride

Morgan soube usar de sua influência em favor de boas causas. Sempre protagonizou campanhas de amor próprio, empoderamento feminino e apoiou instituições com causas importantes, como ONGs que ajudam jovens que sofrem de depressão. Também é uma pessoa engajada politicamente e, inclusive, polemizou ao falar que, caso sejam campeãs, não vai aceitar o convite de Donald Trump para visitar a Casa Branca, coisa que tradicionalmente acontece com os campeões nos EUA.

Além disso, costuma usar sua influência em favor do futebol feminino: foi uma das vozes mais ativas do processo que as jogadoras da seleção americana abriram contra a US Soccer, alegando condições piores de tratamento em relação ao time masculino.

AS LESÕES

Enquanto Morgan tornava-se uma estrela fora dos campos, dentro dele as coisas foram mais complicadas. Infelizmente, as lesões foram um problema para ela.

Nas temporadas de 2013 e 2014 somadas, atuou apenas 19 vezes pela seleção. Morgan sofreu com uma série de lesões nesses anos e não se recuperou completamente. Voltava a jogar após um período fora e logo vinha outra lesão.

Na Copa de 2015, no Canadá, seus números foram muito abaixo do esperado. Seu desempenho foi prejudicado pelo grande número de lesões nos anos anteriores, sem a recuperação devida. Longe de estar na forma ideal, Morgan não foi tão protagonista quanto Carli Lloyd, por exemplo, mas foi campeã do Mundo, coisa que sempre sonhou desde que viu o icônico título da geração de 99.

Os títulos que já ganhou, aliás, são impressionantes. Morgan já foi campeã mundial, ganhou medalha de ouro na Olimpíada, tem dois títulos nacionais das ligas americanas, uma Liga Francesa e uma Champions League pelo Lyon.

DE VOLTA À FORMA

Recuperada das lesões (esperamos que sim), Alex Morgan voltou a ser a Alex Morgan de sempre. Em 2018, marcou 18 gols em 19 jogos, números parecidos com os que tinha no auge. Mais do que uma das lideranças técnicas, ela chega na Copa do Mundo como capitã da seleção.

Recentemente, Morgan chegou a incrível marca de 100 gols pela seleção americana e entrou num seleto grupo de goleadoras que, além dela, só tem Lloyd da atual convocação.

Para o Mundial da França, a expectativa é que, se saudável, Morgan seja o grande nome da seleção dos Estados Unidos. Será a principal referência de gols da equipe de Jill Ellis e uma inspiração para jovens jogadoras que atuam ao lado dela, como Rose Lavelle e Mal Pugh.

Por todo seu apelo dentro e fora de campo, seu nome é o mais falado e sua camisa a mais vendida nos Estados Unidos

Fora dos EUA, Morgan é uma mais conhecidas pelo público geral na atual edição da Copa do Mundo. Uma atleta que soube utilizar sua imagem e, hoje, tem o seu talento como sua principal característica destacada.

Seja dentro ou fora de campo, Alex Morgan é uma prova viva de que o futebol feminino pode, sim, criar ídolos.

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