Resistência em meio a incertezas: O retorno do futebol feminino sul-americano

Por Matheus Guimarães: Em meio às incertezas financeiras, maior parte do continente ainda não tem previsão de retorno da modalidade. Apoio financeiro da FIFA pode ajudar, mas mal uso das Federações coloca o investimento em cheque.

Em meio à protestos da Federação Argentina, a CONMEBOL definiu a data de retorno da Libertadores masculina para 15 de setembro, o que obrigou os países que ainda não haviam aprovado o retorno aos gramados a fazê-lo. Os principais campeonatos nacionais de futebol masculino do continente já tem data definida, porém, a situação é bem diferente em relação ao futebol feminino.

Apenas Brasil e Equador já possuem datas definidas de retorno da modalidade: 29 de agosto e 12 de setembro, respectivamente. Como a CONMEBOL definiu que a Libertadores Feminina 2020 será realizada apenas em janeiro de 2021, no Chile, as federações ganharam um tempo a mais para definir os novos protocolos e regulamentos. Contudo, ainda há muitas incertezas sobre a viabilidade do retorno dos campeonatos em alguns países.

NOVIDADES NO CONE SUL

É o caso da Argentina que, em meio ao aumento de casos de COVID no país, segue resistindo ao retorno, inclusive no masculino. No feminino, após o sucesso do primeiro torneio semi-profissional, a tendência é que o campeonato retorne apenas em 2021, adequando o calendário aos demais países do continente.

Mesmo sem datas, o mercado de transferências segue agitado por lá. Diversas jogadoras que se destacaram no último torneio estão migrando para o exterior, principalmente para a Espanha: é o caso de Mili Menéndez (Granada-ESP), Solana Pereyra (UD Tacuense-ESP) e Dalila Ippolito (Juventus-ITA). Alguns clubes, para evitar as perdas, estão optando por renovar os contratos das jogadoras por mais de uma temporada, é o caso de Racing, River Plater e Gimnasia y Esgrima.

No vizinho Uruguai, a previsão é que o torneio nacional seja disputado entre setembro e dezembro, com os clubes estando autorizados a retornarem aos treinos desde 15 de julho. Pela primeira vez o torneio, que conta com 10 equipes na primeira e 15 na segunda divisão, as partidas vão ter transmissão pela AUF TV, no YouTube. Isso graças ao aporte de 500.000 dólares que serão enviados pela FIFA para as federações investirem no desenvolvimento da modalidade.

O Chile decidiu encerrar o campeonato iniciado em março e desenvolver um “torneio de transição”, que será iniciado em outubro, envolvendo os 16 clubes da primeira divisão, divididos em dois grupos com 8 equipes cada.

NO EQUADOR AVANÇOS, NA COLÔMBIA E VENEZUELA INCERTEZAS

Na parte norte do continente, a Federação Colombiana, que estava no páreo para ser uma das sedes do Copa do Mundo Feminina 2023, irá se reunir em 3 de agosto para definir a realização da Liga Feminina. Três das 18 equipes da primeira divisão já anunciaram que não irão participar este ano por problemas financeiros, inclusive o Atlético Huila, atual campeão. Segundo informações, o campeonato teria duração de apenas 2 meses e seria jogado entre outubro e novembro, em sede única.

O Equador, da treinadora Emily Lima, é o mais organizado junto ao Brasil: o campeonato terá início em 12 de setembro e os clubes já estão treinando, segundo os protocolos sanitários. A Superliga 2020 estará dividida em 4 zonas, com quatro times cada (uma com 5 equipes). Os dois primeiros de cada grupo avançam para as quartas-de-final em jogos de ida e volta.

Na Venezuela a situação é a mais dramática. Em meio à uma série de denúncias envolvendo a Federação local, ainda não há qualquer previsão de retorno do campeonato. Mais de mil atletas e duzentos diretores técnicos ficaram sem contrato no período da pandemia. O campeonato 2019 não foi dado por finalizado e o receio é que o dinheiro enviado pela FIFA seja utilizado para outros fins, caso não haja rigoroso controle da entidade máxima.

VAZIO TOTAL NO CENTRO DO CONTINENTE

No centro do continente, Peru, Bolívia e Paraguai seguem também com muitas incertezas sobre a modalidade que foi muito afetada pela paralisação do esporte em geral. No Peru, a Federação informou que irá aguardar a chegada do apoio financeiro da FIFA para definir datas e formato do campeonato deste ano. As jogadoras tem se manifestado em redes sociais pela falta de previsão, já que o masculino já tem data definida: 7 de agosto.

A Bolívia, que não tem um campeonato nacional feminino, estuda realizar a Copa Simón Bolívar no final de novembro, em 8 dias. A Copa reúne os 9 campeões dos torneios regionais (realizado nas províncias e departamentos) e define a vaga do país na Libertadores Feminina. O Paraguai é o único país onde a previsão da Federação é que não haja campeonato este ano. Mesmo com o masculino já tendo retornado, quase 300 jogadoras da primeira divisão devem ficar mais de um ano sem atuar profissionalmente. A Federação irá bater o martelo somente em setembro.

DATAS DE RETORNO DOS CAMPEONATOS NACIONAIS:

BRASIL: 29 de agosto

EQUADOR: 12 de setembro

URUGUAI: setembro (previsão), com equipes treinando desde 15 de julho

CHILE: outubro (previsão)

BOLÍVIA: novembro (previsão)

ARGENTINA: 2021 (adequando ao calendário CONMEBOL)

COLÔMBIA: Federação reúne-se 3 de agosto para definir data

PERU: sem previsão (Federação aguarda recursos da FIFA)

VENEZUELA: sem previsão

PARAGUAI: sem previsão (Federação define em setembro)

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