OPINIÃO: “Emily, a CBF não te merece” Por Duany Khydac

Por: Duany Khydac

foto: Lucas Figueiredo/CBF

Emily Lima assumiu a seleção brasileira novembro de 2016. Um marco para a modalidade, a primeira mulher a ser técnica da seleção feminina principal. O currículo era bom, perfil elogiado por jornalistas que acompanham o futebol feminino, tudo corria bem.

De primeira Emily já falou sobre sua ideia de futebol, toque de bola, posse e marcação alta.

Não é fácil mudar o estilo de uma equipe, não é fácil transformar a ideia de futebol de uma seleção;

Após 10 meses de seleção brasileira, Emily Lima foi demitida.

Assim, do nada? Eu diria que sim, apesar dos resultados ruins, estamos falando de amistosos complicados contra equipes melhores colocadas no ranking FIFA, não era motivo pra uma demissão com 10 meses.

Alias, poucas coisas justificariam tal ato e infelizmente ou felizmente, nenhuma dessas coisas aconteceram na seleção feminina. Não tem crise, não tem eliminação precoce, não tem falta de vontade. O que acontece é politico, como nós sabemos que muitas coisas acontecem no nosso futebol.

Quando Emily Lima foi contratada, muito se comemorou, mas nada me tirou uma pulga atrás da orelha. Era fato que Emily já tinha um certo desentendimento com a CBF, ela acumulava uma passagem anterior, comandando a seleção sub 17, mas naquele momento acreditei que a confederação estava agindo de maneira madura e pensando principalmente no ganho técnico optando por Emily Lima no comando.

Algo que também rondou meus pensamentos foi a possibilidade de ser uma contratação para acalmar a FIFA e os jornalistas pós derrota nas olimpíadas. Uma mulher no comando da seleção seria uma ótima forma de abafar criticas, uma blindagem excelente. Tudo isso poderia ficar escancarado se colocassem alguém sem preparo, mas Emily tinha currículo, já era apontada por jornalistas como um bom nome, então ficou tudo perfeito. Mataram dois coelhos com uma cajadada só.

E o inicio de trabalho foi bom, apesar de algumas partidas contra adversários mais fracos, o Brasil começou a mostrar uma nova cara, ainda não muito bem formada, mas era um inicio. Emily buscou amistosos mais complicados, pediu por confrontos de alto nível e foi atendida. Perdeu a primeira, perdeu a segunda e perdeu mais três partidas. Até ai tudo bem, são amistosos, equipes mais fortes e com maior tempo de trabalho. Não é para isso que escolhemos esses amistosos? Analisar nossa postura perante equipes de ponta?

Internamente já se sabia de um rumor contra Emily, “se não ganhar da Austrália é rua”. Não ganhou. E foi demitida.

O discurso de renovação foi jogado fora. Resultado é o mais importante? Aparentemente Emily deveria ter pedido por amistosos contra equipes do final do ranking, venceria e pronto. Jamais seria derrubada de seu cargo. Errou. Pecou quando quis sonhar com algo mais. Saiu da linha quando pensou em ganhar uma copa. Não é assim que funciona no futebol feminino, não é o trabalho que te faz ficar.

Emily, fica a lição: Nem todo mundo quer o bem da modalidade. Você quer. Não serve pra CBF.

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