Nicole Ramos: juventude no Santos FC

Por: Patricia Zeni
patricia@planetafutebolfeminino.com.br

Com um novo desafio a frente, a jovem goleira Nicole Ramos, da Seleção Sub-17, conversou com Planeta Futebol Feminino no início do mês para contar um pouco sobre sua carreira, inspiração e objetivos. A goleira estava no Criciúma e chega no Santos esse ano para conquistar seu espaço.

PFF: Como você se tornou goleira?
Nicole: Com nove anos meu pai me levou numa escolinha de futebol, mas fui mais para acompanhar meu irmão. Só que era masculino, eu era a única menina. Primeiro treinou fui na linha, só que no meio do treino fiquei vendo o específico de goleiro e achei aquilo um máximo, fiquei fascinada. No final parei meu pai e falei “pai, quero treinar ali”. No outro treino já fui para o gol, meus treinadores viram que eu tinha potencial e investiram em mim, comecei a fazer específico, sempre no meio dos meninos. Me levavam para campeonatos da região, joguei Sub-11 e Sub-13 no masculino. Por incrível que pareça, eu sempre era titular, sempre pegava a vaga do outro goleiro. Sofri muito com isso, falavam muito “hoje vai ser fácil fazer gol porque tem uma menina no gol”, e depois do jogo eu calava todo mundo.

PFF: Qual foi o campeonato que mais te marcou?
Nicole: Foi o Torneio da Cidade de São Paulo, em 2015, Sub-17. Eu tinha 15 anos. Foi a primeira vez que vesti a camisa da seleção. A gente chegou na final e eu pude estar defendendo dois pênaltis e a equipe foi campeã.

PFF: Qual a tua maior inspiração?
Nicole: Meus sonhos e meus pais, eles que me motivam a ser melhor a cada dia, como pessoa e como atleta, sempre me apoiaram e viveram meu sonho comigo.

PFF: Fale um pouco sobre as suas experiências na seleção.
Nicole: Minha primeira convocação foi em julho de 2014, desde lá fui convocada em todos os períodos de treinamento que tiveram, a não ser um período porque estava lesionada. Venho trabalhando com profissionais muito bons, disputei o Torneio Internacional da Cidade de São Paulo, na minha primeira convocação fui para Portugal, disputei o Sul-Americano, infelizmente fiquei de fora do amistoso nos EUA por causa da minha lesão e disputei o Mundial. Passei muita coisa lá dentro, cheguei como última goleira, mas fui me esforçando, conquistando meu espaço, treinando, passei para segunda, daqui a pouco era titular. Tive meu auge no Torneio, estava muito bem, porém vieram lesões, acabei perdendo a vaga, mas passei muitas experiências boas lá dentro. Mesmo depois de tudo isso dei a volta por cima e consegui voltar.

PFF: O Santos tem uma das melhores estruturas do Brasil para o futebol feminino. O que você já pode ver de diferença?
Nicole: É uma estrutura muito boa, até fiquei admirada quando cheguei aqui porque nunca tinha visto uma estrutura tão boa para o futebol feminino. A gente tem desde plano de saúde até fisioterapeuta e lavanderia. É a melhor que já vi.

PFF: Os principais objetivos para 2017 e mais para o futuro também?
Nicole: Para esse ano é conquistar meu espaço no Santos. Não cheguei como titular por ter mais goleiras de seleção. Meu objetivo principal é ser convocada para a Seleção Principal, acho que é o sonho de toda atleta, a gente trabalha para isso. Para esse também e participar da Seleção Sub-20, apesar de ainda ser Sub-17.

PFF: O que você acha que as jogadoras podem fazer para o futebol melhorar cada vez mais?
Nicole: A gente não pode parar de lutar para ter os mesmos direitos do masculino, por campeonatos, pelo nosso espaço. Estamos muito regredidos, principalmente no Brasil, se comparar com os EUA, elas tem várias ligas, muito apoio e aqui o povo não apoia muito. Está melhorando, claro, saiu a lei dos clubes que disputam a libertadores serem obrigados a terem times femininos, mas não podemos nos contentar com essas coisas, vão ter porque são obrigados. A gente tem que lutar cada vez mais, e tem que partir das atletas também. Tem muita gente que vive disso no Brasil e não tem nem como comparar com outros países, eles estão muito mais evoluídos.

PFF: Quais são as suas referências na tua posição, tanto feminino quanto masculino?
Nicole: No masculino minha grande referência é o Manuel Neuer, trabalha muito bem com os pés e tem um reflexo sensacional. No feminino é a Nadine Angerer, que já ganhou como melhor do mundo, o que é difícil para goleira.

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