Iranduba luta para receber pagamentos de patrocinadora

Patrocínio previa pagamentos a base de Vegan Coins, no entanto, as criptomoedas ainda não foram lançadas no mercado 

Quatro equipes brasileiras: Iranduba (AM), Nacional-AM, Clube do Remo (PA) e Paysandu (PA), foram patrocinadas pela VeganNation – empresa vegana estabelecida em Londres. No entanto, o salário, em vez de ser pago em dinheiro, foi pago por ‘Vegan Coins’, criptomoeda ainda não lançada no mercado.  Até o momento foi confirmado que nenhuma das equipes conseguiu converter o dinheiro digital em reais. 

Em 17 de fevereiro de 2019, os clubes assinaram o contrato com o diretor executivo, Isaac Thomas, em Belém, capital do estado do Pará.  Inicialmente, de acordo com algumas fontes ligadas a um dos clubes, estava previsto que as moedas estariam no mercado em maio de 2019.  

Entretanto, até agora, e especialmente após essa crise epidêmica, não foram lançadas. O prazo final dado era no último dia 30 de março.  Em contra partida, os times masculinos possuem uma maior facilidade em obter investimentos. O presidente do Paysandu, Ricardo Gluck, explicou um pouco do motivo deles tomarem essa decisão. 

“Acho que alguns [clubes] fizeram um acordo sem conhecer o processo. Mas não posso falar sobre clubes específicos porque não conheço o contrato deles,”  

“Portanto, o contrato dos clubes dizia que seríamos pagos com essas ‘moedas veganas’ que, no futuro, poderíamos converter em dólares e depois em reais. Então Paysandu recebeu 100% dessas moedas, na verdade recebemos ainda mais por causa de nosso segundo contrato,” comentou

Gluck também falou de alguns imbróglios nos contratos da Vegannation que deixou os paraenses um pouco confusos. 

“Na verdade, isso tem que ficar claro, porque essas moedas não existiam, então eles precisavam lançá-las no mercado. Mas isso não aconteceu, então eles tinham o planejamento errado, porque para iniciar e obter sucesso, precisavam realizar pré-etapas que estavam atrasadas”, analisou 

Ele continuou a explicar o processo. “E quando chegou a hora, eles estavam programados para serem lançados em janeiro de 2020, na bolsa de valores de Tel-Aviv ou no mercado asiático. Mas o crédito veio do Covid-19. Então só receberemos o dinheiro quando for liberado.” concluiu 

Entramos em contato com o presidente do Remo, Fabio Bentes, que nos confirmou ser um patrocínio atrasado para eles. 

Iranduba lutando para jogar no primeiro nível

O time de futebol feminino, Iranduba, começou a pedir dinheiro nas redes sociais para poder jogar na luta principal. O diretor de futebol, Lauro Tentardini, explicou ao Planeta Futebol Feminino, que a equipe tem se esforçado para ficar em forma porque “ainda não foi paga”. 

“A empresa disse que cumpriu sua obrigação contratual, mas eu disse que eles não pagaram todo o dinheiro para nós. Seja como for, a moeda ainda não tem nenhum valor”, comentou

Ele disse que Fernando Bisker, empresário que vive nos Estados Unidos, primo de Dahlson Bisker, era responsável pelos produtos sul-americanos. No entanto, alguns meses depois, ele foi substituído por Roberto Rosemberg. 

A informação contrasta com a de Paysandu, que garante que quem se aproximou deles foi Roberto em 2018. Checamos e descobrimos que Rosemberg era funcionário da VeganNation nessa época. 

De acordo com provas enviadas para nós, aparece um print no qual o executivo garante que foi enganado tanto por Dalhson Bisker, quanto com seu primo, Fernando. De acordo com essas imagens, o empresário solicita o Iranduba a denunciá-los. 

Entramos em contato com Dahlson e Fernando Bisker que enviaram uma nota afirmando que “não possuem nenhum vínculo contratual” com o Iranduba Futebol Clube, VeganNation e nem com Roberto Rosemberg. 

E ainda esclareceram que medidas legais no âmbito Cível e Criminal serão tomadas sobre as acusações com seus respectivos nomes. 

O presidente do clube, Amarildo Dutra, negociou o contrato com a empresa. Assim, o Iranduba começou a formar uma equipe forte, confiante de que seria pago no ano passado. Inicialmente, de acordo com Tentardini, cada moeda podia ser vendida como US $ 0,50 centavos, mas, no caso de ser subvalorizada, a empresa deveria pagar a diferença. 

O dirigente comentou que nenhum dos clubes sabia que não seria pago em maio e que Dahlson seria substituído por um homem chamado Roberto Rollemberg. 

“Eles não nos deram todas as moedas e também não têm valor. Eles enviaram uma carta dizendo que não lançariam no mercado e pediriam que seus investidores na Europa nos ajudassem. Mas dois meses se passaram e isso não aconteceu.”

Tentardini disse que o clube recebeu a carta avisando adiar o lançamento da moeda, apenas no dia 30 de março. 

“A VeganNation enviou a carta apenas 30 de marça, o dia 15 está mencionada no documento, mas só a recebemos neste dia, o que mostrou má fé da empresa porque a enviaram no limite, dizendo que não iriam lançar a tempo porque a economia global eclodiu em crise devido à pandemia de coronavírus “. 

Procuramos a empresa que primeiramente enviou por fora de nota que cumpriu todos os contratos pré-estabelecidos e que estava tentando ajudar o clube 

Logo depois, encaminhou o nosso contato para o CEO da empresa, Isaac Thomas, que deu uma entrevista exclusiva comentando sobre a situação. 

“Nos contratos estava claro para todos que pagaríamos em criptomoedas. Nosso contrato era válido apenas para 2019”. 

Ao ser confrontado sobre postagens que sugeriram descaso do magnata ao clube, Thomas afirmou que “tentou ajudar”, mas ao “ter conhecimento de notícias mentirosas” ficaram sem reação. 


“A ideia da vaquinha foi minha, inclusive queríamos levantar fundos com investidores para ajudá-los, disse boa sorte porque desejo o bem para eles”, concluiu. 

Questionamos quando seriam lançadas as moedas e o empresário disse não ter resposta para essa pergunta. 

Procuramos o presidente do Iranduba que desmentiu a versão do empresário. “Nós temos contrato, ele foi renovado. A vegannation tinha o preferencial, e eles fizeram o aditivo creditando não ter pago em 2019”, comentou 

Perguntamos se o presidente tem alguma garantia para jogar o campeonato, de acordo com Dutra, é impossível responder.  

Nesta quinta-feira (18), a empresa dará sua versão dos fatos para alguns jornalistas de Manaus por meio da plataforma Zoom. O presidente estará no local junto com a presença de Roberto Rosenberg e Isaac Thomas. 

Em janeiro, o Vasco da Gama anunciou parceria com a plataforma vegana. Resta saber se a situação do clube carioca é a mesma do que as dos demais. O PFF seguirá de perto o desenrolar dessa história. 

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