[ANÁLISE] Tatiele Silveira e sua nova maneira de atacar; por Thiago Ferreira

Ao fim de 2019, a centroavante Nathane deixou a equipe. Uma atleta que, além da capacidade goleadora, oferecia a possibilidade de receber a bola de costas para as zagueiras onde, mesmo pressionada, por vezes girava para finalizar em gol ou servia como apoio ou até numa opção de desafogo para a Ferroviária. Em contrapartida, dois nomes pesados chegaram, Chú Santos e Patrícia Sochor, mas as novas contratações que chegaram para o setor não oferecem as mesmas características da artilheira da última Libertadores, logo, a treinadora Tatiele Silveira se viu desafiada a reajustar o setor ofensivo da equipe.

O nível do adversário da estreia contribuiu com o laboratório de Tatiele, e, dentre várias possibilidades, a escolha da treinadora foi reorganizar um novo trio de ataque.

Com a bola, manteve-se o 1-4-3-3, a goleira Luciana continua sendo estimulada a jogar com os pés, e a linha defensiva do final da última temporada segue intacta. As zagueiras Géssica e principalmente Luana iniciando a saída de bola, as laterais Ana Barrinha e Monalisa, que tem características de laterais construtoras, oferecendo apoios, mas com liberdade para trabalhar por dentro, quando necessário.

Reprodução: CBFTV/MyCujoo

Chegando ao meio campo, as mudanças começam aqui. A 1ª volante Maglia segue sendo a principal responsável em participar da saída de três na primeira fase de construção da jogada, e, quando na segunda fase, com a responsabilidade de oferecer opção de retorno de passe na circulação de bola grená. Já entre as interiores, Aline Milene, uma ponta com características de drible e infiltração, trabalha como interior esquerda, com Adriane Nenê sendo uma ponta de pé invertido pelo lado esquerdo. A ideia era desequilibrar as linhas defensivas do Audax com os dribles de Aline e gerar situações de finalização para Adriane que é muito competente dentro da área. Ainda no meio campo, Rafa Andrade foi a interior direita, uma meio campista com características de menos controle por passe e mais infiltração e intensidade, visando roubadas de bola próximas ao gol do Audax.

Reprodução CBFTV/MyCujoo

As novas contratações fecharam o 11 inicial, Chú fez boa partida e estreou com gol, atuou pela ponta direita e pouco foi exigida defensivamente no campo de defesa, como na seleção brasileira. Ajudou na pressão alta da equipe da casa e, com dribles e infiltrações, incomodou bastante.

Patrícia Sochor atuou no comando do ataque e pareceu desconfortável quando se encontrava dentro da área entre as zagueiras do Audax, contudo, sua função foi na verdade de Falsa 9, e os espaços que suas movimentações geram para as demais companheiras foram bem interessantes e indicam talvez o caminho que Tatiele pretende seguir nesta temporada, com um ataque ainda mais móvel e potencializando a capacidade finalizadora das sua pontas, além de permitir mais infiltrações das interiores.

Reprodução CBFTV/MyCujoo

Ainda é cedo para saber se a mudança na fase ofensiva da Ferroviária será definitiva ou não, porém, está claro que a treinadora Tati Silveira não se limita a apenas uma maneira de atacar e busca usufruir do leque de opções que suas novas contatadas lhe oferecem.

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