Conheça Christiane Endler: Líder e referência para o Chile

Em uma madrugada de 2002, uma família chilena acompanhava a Copa do Mundo da Coreia e do Japão. Apesar da La Roja não ter se classificado, haviam raízes relacionadas ao patriarca, nascido na Alemanha. Os olhos atentos da terceira filha de Peter Endler e Claudia Mutinelli estavam sob o camisa um da seleção germânica, o icônico Oliver Kahn. Foi ali, que a então pequena Christiane ou Tiane, como era apelidada, viu que seu destino já seria traçado.

CULTURA POLIESPORTIVA E INÍCIO COMO ATACANTE

Nascida em Santiago, capital chilena, no dia 23 de julho de 1991 em uma família de classe média alta, praticou inúmeras modalidades paralelamente ao futebol. Natação, hóquei na grama, basquete, voleibol e ginástica artística. Curiosamente, sua irmã mais velha Carolina, foi nadadora a nível profissional.

Segundo a mesma, era a única que tinha coragem de ser a goleira enquanto jogava com seu irmão mais velho, Nicolas. Porém, seus primeiros passos como jogadora foram como centroavante e com 10 anos de idade, ela se integrou a um time de futebol pela primeira vez, no Stadio Italiano.

Endler pela equipe sub-15 do Santiago Oriente. (Foto: Santiago Oriente/Divulgação)

SUCESSO POR CLUBES NO CHILE

Depois de jogar um torneio escolar organizado pela Associação Nacional de Futebol Profissional (ANFP), Endler seria integrada em 2007 ao grupo de treinamentos da seleção sub-17 do Chile , liderado então por Nibaldo Rubio e como atacante. Foi aí que surgiu a figura do ex- goleiro Marco Antonio Cornez, que sugeriu que ela mudasse de posição, por conta de sua imponente estatura.

No mesmo ano, assinou com o Union La Calera, que na época tinha como presidente Sergio Jadue, personagem de uma polêmica que será mostrada mais a frente, envolvendo não só a goleira, mas outras jogadoras chilenas. Após duas temporadas, assinou com o Everton de Viña del Mar, onde foi vice-campeã da Libertadores em 2010 e por pouco, não vestiu a camisa do Santos no mesmo ano, tendo negado por questões salariais. Foi eleita a melhor jogadora de seu país em 2008, 2009 e 2010.

A goleira disputou a Copa do Mundo sub-20 em 2008, onde sua seleção foi eliminada na primeira fase. Mesmo assim, com suas boas defesas, foi eleita a segunda melhor do torneio, superada apenas pela norte-americana Alyssa Naeher.

Publicidade da Copa do Mundo sub-20 em 2008, realizada no Chile. (Foto: FIFA/Divulgação)

Após retornar ao Chile, assinou com o Colo Colo, onde conquistou os primeiros títulos, o Apertura e o Clausura em 2011, além do vice-campeonato da Libertadores também no mesmo ano e no ano seguinte, transferiu-se para o futebol feminino universitário dos EUA, mais especificamente, para a Universidade do Sul da Florida (USF).

USF, Libertadores, Chelsea e retorno ao Chile

Na USF, Endler continuou a mostrar seu bom desempenho já conhecida, conquistando nesse meio tempo a Libertadores Feminina em 2012, pelo Colo Colo ao vencer o Foz Cataratas, na decisão por pênaltis.

Em 2014, antes de concluir a graduação em administração de empresas, aceita uma proposta do Chelsea. Na época, vale lembrar que a FA WSL era semiprofissional, diferente dos dias atuais. Após ter um período de irregularidade no Chelsea, com apenas cinco partidas, foi para a Copa América no Equador em 2014 com um sério problema no menisco o que acarretou no seu corte da equipe após a segunda partida e a não classificação do Chile para o Mundial de 2015.

O momento mais difícil da carreira da jogadora, que pensou inclusive em abandonar a carreira, porém, o retorno ao Colo Colo em 2015 foi essencial para voltar aos grandes momentos de sua carreira.

Foto: Divulgação/Colo Colo Femenino

Valencia, PSG e Copa do Mundo 2019

Após duas temporadas no Colo Colo, se transfere na temporada 2016/17 para o Valencia, onde foi essencial na terceira colocação da equipe Che, na Liga Iberdrola, sendo eleita a melhor goleira do torneio (Trofeu Zamora) com apenas 9 gols sofridos em 23 jogos disputados. Apesar de renovar por mais uma temporada, foi comprada pelo PSG na temporada 2017/18, onde conquistou a Copa da França e em 2018/19, eleita a melhor goleira da Liga Francesa.

Foto: Divulgação/Valencia CF

Na Copa do Mundo em 2019, fez duas excelentes partidas diante de Suécia e Estados Unidos, apesar das derrotas do Chile por 2 a 0 e 3 a 0, respectivamente. Foi eleita a melhor jogadora da partida diante das atuais campeãs mundiais, onde recebeu o reconhecimento da ex-goleira norte-americana Hope Solo, que elogiou a atuação da arqueira.

A espetacular defesa após cabeçada de Christen Press (Foto:Richard Heathcote/Getty Images)

Endler isn’t average…she is spectacular! Does anyone think she should be playing in front of a smaller goal? Thank you @TIANEendler for bringing such pride to the GK position! Keep your head up! https://t.co/mPN7Ips8SN— Hope Solo (@hopesolo) 16 de junho de 2019

Figura midiática, escola de jogadoras, posição política definida e a favor de questões polêmicas

Fora de campo, Christiane Endler se notabiliza por ser uma figura com uma importância midiática em seu país semelhante a de Alex Morgan pelos EUA, sendo patrocinada por inúmeras marcas como Samsung, ENEL, Adidas, entre outras.

Recentemente, em entrevista, a goleira disse que sua posição política é de centro-direita, sendo a favor de questões como o aborto, o matrimônio e a adoção homossexual e também sobre a legalização da maconha.

(Foto: David Ramos – FIFA/FIFA via Getty Images)

Além disso, ela possuí uma escola de futebol em seu país, onde busca encontrar novos talentos para o futebol feminino chileno. Além disso, recentemente falou sobre a gestão de Sergio Jadue na ANFP, onde tratou de maneira inadequada o futebol feminino no Chile.

Para muitos, a melhor goleira do mundo, Christiane Endler é uma figura a ser seguida por muitas gerações de jogadoras não apenas chilenas, mas ao redor do mundo. Sua coragem e postura são extremamente inspiradoras para o surgimento de outras talentosas goleiras no futebol feminino.

Planeta Futebol Feminino

Todos os direitos reservados. 2021.