USWNT: vitória com placar amplo, mas com muito a ajustar

Reprodução: Twitter/@USWNT

No último sábado, 25 de junho, a seleção dos Estados Unidos enfrentou a Colômbia no primeiro dos dois compromissos entre as duas equipes nesta Data Fifa. Sob os olhares de 17,143 pessoas (lotação completa do Dick’s Sporting Goods Park, Denver-EUA), as donas da casa bateram as colombianas por 3 a 0, com dois gols de Sophia Smith e um da estreante Taylor Kornieck. A seguir, trarei análise e observações sobre a partida.

A USWNT (United States Women’s National Team) foi completamente dominante durante os 90 minutos de partida, ditando o ritmo e controlando a posse de bola. Por outro lado, vimos uma Colômbia com muitas dificuldades de progressão, errando muitos passes, sem conseguir dar sequência nas jogadas, além da clara diferença física. Para se ter uma ideia, as colombianas deram apenas 1 chute no jogo e só entraram com a bola dominada na área estadunidense uma vez, na reta final do 2º tempo.

Apesar de todo o domínio, não foi um jogo perfeito dos Estados Unidos, que deixou evidente, especialmente na 1ª etapa, problemas, como: posicionamento das atletas (afunilando muito o jogo); baixa velocidade na troca de passes, movimentando pouco o sistema defensivo adversário; falta de dinamismo; imprecisões na tomada de decisão e passes no terço final. Abaixo, observem 3 imagens que destacam a formação tática da equipe (4-1-2-3) e alguns dos problemas supracitados:

USWNT – disposição tática no 4-1-2-3

A Colômbia marcou em bloco médio/baixo (5-2-3). A troca de passes mais lenta das donas da casa facilitou um pouco para as colombianas. No entanto, nos momentos que o jogo acelerava e a linha ofensiva dos Estados Unidos se movimentava mais, os espaços apareciam. Nas 3 imagens abaixo, observem que as pontas (Smith e Mal Pugh) dão profundidade maior, o que deixou a zaga adversária mais espaçada. Ashley Hatch, centroavante, baixou na entrelinha, tornando opção de apoio e atraindo a marcação. Destaco que essas movimentações aconteceram em momentos da primeira etapa, mas não foram regra. Nos períodos mais passivos, o jogo ficou bastante moroso e cadenciado.

É preciso destacarmos Sophia Smith. A ponta, que atuou por mais tempo pela direita, foi menos acionada no setor (Kelley O’Hara, lateral direita, pouco apoiou também). O jogo da equipe se concentrou mais do lado esquerdo, com a trinca Pugh – Lindsey Horan – Emily Fox. Na reta final do 1º tempo, Smith e Pugh inverteram. Essa mudança (tardia) surtiu efeitos positivos, visto que Smith criou duas chances de perigo e sofreu um pênalti (na minha visão, mal marcado). Horan perdeu o penal – Catalina Peréz, que fez ótimo jogo, defendeu. No rebote, a atacante do Portland Thorns, completamente livre, perdeu boa chance ao finalizar mal de canhota. Em destaque, detalhe do trabalho sem bola de Smith e o pênalti desperdiçado:

https://twitter.com/FOXSoccer/status/1540855740960743429?s=20&t=VRP4YeoT49GlsJr8tChPSg

Na 2ª etapa, Ashley Sanchez e Alex Morgan foram novidades na USWNT. As trocas foram muito positivas para equipe, que se espaçou melhor no campo de ataque, afunilando menos sua trinca ofensiva. Com isso, mais espaços passaram a surgir. Mas as mudanças não surgiram efeito apenas tático, mas, também, técnico e de postura. A seleção passou a trocar passes com mais rapidez, com Sanchez sendo vital para o maior dinamismo no meio-campo. A meia-atacante do Washington Spirit entrou bem demais, partindo para cima com seus dribles e controles curtos, finalizando de fora e pisando na área. Se Hatch, que ficou mais presa entre as zagueiras, teve dificuldades de ligação com Pugh, Smith e as meias (muito por falta de entrosamento), Morgan se relacionou melhor com a linha ofensiva e sua movimentação incomodou mais a zaga colombiana. Abaixo, o a disposição tática no 2º tempo:

Com aumento de imprecisões e desgaste, a Colômbia passou a ceder mais espaços para as donas da casa. No lance do primeiro gol, os erros e a disparidade física ficam evidentes. Há problema claro de falta de coesão e compactação, acabando por oferecer tudo o que a USWNT gosta: espaço para realizar suas jogadas de transição. Méritos para velocidade de controle e raciocínio de Rose Lavelle ao antecipar, driblar e encontrar Sophia Smith. Louros, também, para atacante, que atacou com maestria o espaço e bateu a goleira:

https://twitter.com/USWNT/status/1540862693195665410?s=20&t=8q4FgfI08Pp-IGJQqtyiSQ

Poucos minutos depois veio o segundo. Novamente, créditos para Lavelle, que acumulou outra assistência. A meia do OL Reign venceu duelo contra Leicy Santos, roubando a bola. A partir desta ação, surgiu grande buraco pelo meio. Muito bem posicionadas e “alargando” a linha de zaga, as atacantes estadunidenses fixaram as defensoras colombianas. Smith realizou bem a infiltração em profundidade, recebeu excelente passe e não perdoou. Lance que evidenciou a forte pressão dos Estados Unidos, bem como a letal jogada de transição:

A vantagem poderia ser maior, mas as donas da casa perderam seu segundo penal na partida. A penalidade, bem marcada, foi sofrida por Alex Morgan (levou um tranco por trás da zagueira), após receber belíssimo cruzamento de Ashley Sanchez, que fez uma grande jogada no lance. Dessa vez, Peréz parou Lavelle:

https://twitter.com/FOXSoccer/status/1540866120114208774?s=20&t=n4SRRYVJtIXOTcP1dGeqww

Já nos acréscimos, saiu o gol que fechou a contagem. Megan Rapinoe, que havia entrado para jogar os 15 minutos finais, bateu falta e encontrou Taylor Kornieck, estreante e atleta de linha mais alta da seleção, completamente livre. A meia do San Diego Wave direcionou uma casquinha para o gol e balançou as redes:

https://twitter.com/USWNT/status/1540871889962270722?s=20&t=8q4FgfI08Pp-IGJQqtyiSQ

ANÁLISE FINAL

O confronto evidenciou a dificuldade da seleção estadunidense ao enfrentar equipe que atua com “linhas baixas”. Quando esteve postada e organizada, a Colômbia, em alguns momentos, chegou a encaixotar a USWNT, visto que faltou dinamismo e velocidade para girar a bola por parte das donas da casa. A química, ainda em construção, do setor ofensivo também foi ponto dificultador. Faltou movimentação, aproximação e profundidade. Quando o time conseguiu executar esses pontos, as jogadas de perigo apareceram. Quando surgem espaços, a equipe triunfa, especialmente nas jogadas de transição. Vale abrirmos os olhos, visto que esses problemas/oscilações têm sido recorrentes ao longo da Era Vlatko Andonovski.

Ofensivamente, a Colôlombia não produziu. Logo, testou pouco o sistema defensivo dos Estados Unidos. Na metade da 2ª etapa, Kristie Mewis, que é meio-campista, substituiu Andi Sullivan, que é volante. Mewis passou a atuar na função (e, por não termos um backup para volância no elenco que vai para o Torneio da Concacaf, é possível que seja opção mais vezes no setor). A atleta do Gotham FC distribuiu bem o jogo, mas não foi testada na marcação.

Para fechar, destacarei 3 atletas que destoaram do restante: O’Hara, que pouco apoiou e associou pelo lado direito, que ficou mais tímido no 1º tempo; Horan, que cadenciou muito o jogo, que, por outro lado, pedia um pouco mais de rapidez nas trocas de passes; Hatch, que não se mostrou muito confortável (nítida falta de entrosamento), ficando muito presa entre as zagueiras.

USWNT – comparativo do 11 inicial com o 11 que terminou o jogo

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