Entre os dias 20 e 28 de outubro, acontecem as famosas datas FIFA, período em que as Seleções se reúnem para realizar jogos e treinos. Nesta data FIFA, a Europa estará envolta em jogos classificatórios para a Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2023, já a América e a Àsia terão de se contentar com partidas amistosas.
Historicamente, a América do Sul nunca realizou um campeonato eliminatório para definir as equipes partiticipantes da Copa do Mundo de Futebol Feminino da FIFA. Desde a criação do torneio, em 1991, foi decidido pela Conmebol que o campeão da Copa América garante vaga na Copa do Mundo, e mesmo com o aumento das vagas para a região, o sistema de classificação não mudou.
Recentemente, a entidade divulgou que agora a Copa América Feminina será realizada a cada dois anos. Mas por que a responsável pelo desenvolvimento do futebol feminino na América do Sul está sempre recorrendo a atalhos quando o assunto é o futebol de mulheres? A Copa América em si, já não é uma uma competição que visa desenvolver e fortalecer o futebol feminino na América do Sul. Sem falar no descaso da Federação na realização do evento, a menos de um ano para realização da 9ª edição da competição, ainda não há informações sobre sede, venda de ingressos e afins para o torneio.
Um dos maiores empecilhos para a o crescimento da modalidade na região está na falta de periodicidade das Seleções. Muitas passam longos periodos sem jogar, sendo comum a prática de se reunirem apenas durante o período de disputa da Copa América. Na última data FIFA, a Bolívia iria jogar um amistoso contra a equipe da Venezuela, mas, por falta de verba, as bolivianas cancelaram a partida, sem opções, a Venezuela acabou recorrendo a um jogo treino contra a equipe local do Yaracuyanos, atual campeão nacional. Esse é apenas um exemplo do quanto a modalidade é escanteada por aqui. Então, ao invés de tentar pular etapas no desenvolvimento do futebol de mulheres sul-americano, porque não criar um torneio eliminatório para Copa do Mundo Feminina e para as Olimpíadas, como já é feito no masculino?
Um sistema de eliminatórias daria as equipes calendário por todo o ciclo, e evita cancelamentos de jogos por falta de dinheiro para viajar. Somente com todas as equipes ativas e jogando com certa frequência, que iremos dá o salto necessário no futebol feminino a nível local e internacional. Para se ter uma ideia, atualmente, apenas a América do Sul e a Oceania não possuem campeonatos eliminatórios para Copa do Mundo Feminina. E utilizam do principal (no caso da Conmebol, único) campeonato de Seleções a nível regional para definir vagas para Copa e Olimpíadas. Não é de Copa América a cada dois anos que precisamos, e sim de investimentos e políticas de real desenvolvimento. Precisamos fortalecer os Campeonatos Nacionais, a Libertadores Feminina e a prória Copa América. Buscar atalhos e pular etapas não é a solução.