Por: Júlia Castro – Empório do Futsal Feminino
É indiscutível que para as mulheres alcançarem a participação no esporte que têm hoje, muita luta e persistência foram necessárias. Nesse caminho de tantos obstáculos já superados e barreiras sendo quebradas constantemente, muitas pessoas tiveram papéis essenciais para ajudar no desenvolvimento das modalidades esportivas femininas, especialmente mulheres. Algumas delas tiveram um pouquinho de suas histórias contadas no último episódio do Empório do Esporte Feminino no YouTube.
Além das personagens serem importantes, alguns momentos também precisam ser lembrados, pois representam conquistas, a superação de obstáculos e marcos no crescimento das mulheres no esporte.
A participação das mulheres nos Jogos Olímpicos Modernos
Quando a 1ª edição dos Jogos Olímpicos da era moderna foi realizada, em 1896, às mulheres só era permitido torcer. A grega Stamati Revithi, em protesto ao veto da participação esportiva de mulheres, realizou o percurso da maratona fora do estádio no dia seguinte à prova masculina, e ainda obteve tempo menor do que de alguns homens que tinham corrido no dia anterior. Apesar de não ter seu desempenho reconhecido, Stamati com isso provocou o início gradual da inserção da mulher nos esportes olímpicos, ainda que de forma extraoficial.
Outro nome importante foi o de Alice Melliat, fundadora da Federação Esportiva Feminina Internacional (FEFI) em 1917, que supervisionava recordes, estabelecia regras e promovia o esporte feminino. Essa iniciativa se deu em resposta ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e à Federação Internacional de Atletismo Amador, que não permitiam a participação oficial de mulheres nas Olimpíadas. A FEFI chegou a organizar os Jogos Olímpicos Femininos, depois chamados de Jogos Femininos Mundiais, que fizeram sucesso e pressionaram o COI a integrar as mulheres nos Jogos Olímpicos. A inclusão oficial aconteceu em 1936, nos jogos de Berlim, e marcou a dissolução da federação. Até esse ano as mulheres que competiam eram vistas apenas como participantes e não como atletas.
A primeira mulher campeã olímpica foi a tenista britânica Charlotte Cooper, em Paris, no ano 1900. Ela conquistou a prova individual e a de duplas mistas e detalhe: havia perdido a audição 4 anos antes. Nessa época os únicos esportes femininos permitidos eram os considerados belos e que não tinham contato físico, como o golfe, o hipismo, a vela, o croqué e o próprio tênis, e as mulheres eram vistas como convidadas, não recebendo o prêmio tradicional e sim um certificado.
Brasileiras que entraram para a história do esporte
A primeira atleta a ser apresentada aqui é Maria Lenk. Aos 17 anos, em Los Angeles, 1932, ela se tornou a primeira mulher sul-americana a participar de uma Olimpíada, sendo a única em uma delegação de 45 homens. Além disso, foi a primeira mulher a usar o nado borboleta, em 1936, e se tornou a primeira atleta – e a única mulher – brasileira a ter o nome no Hall Internacional da Fama da natação. Em 2007 foi inaugurado o Complexo Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro, nomeado em sua homenagem.
A primeira mulher brasileira a participar de uma final olímpica foi Aída dos Santos. A atleta participou dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, e conquistou o quarto lugar no salto em altura. Ela era a única mulher da delegação nacional e não teve apoio técnico ou uniforme, tendo adaptado o traje de uma outra competição para a disputa. Após 32 anos, esse resultado individual do atletismo feminino nacional foi superado quando Maurren Maggi, nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, tornou-se a primeira mulher brasileira a conquistar um ouro em provas individuais, vencendo o salto em distância.
No basquete feminino três nomes são muito importantes: Hortência – a maior pontuadora da história da seleção brasileira -, Magic Paula e Janeth. O trio foi responsável por levar a seleção feminina de basquete ao primeiro lugar no Pan-Americano em 1991 e no Mundial da Austrália, em 1994 – inclusive, o único conquistado pelo Brasil até aqui -, e às medalhas olímpicas de prata em 1996 e bronze em 2000. As três fazem parte do Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete e do Hall da Fama do Basquete Feminino (WBHOF, sigla em inglês). Janeth também se destaca em outro ponto: foi a primeira brasileira a jogar na WNBA, liga de basquete dos Estados Unidos, e é a estrangeira que mais tem títulos do torneio.
No futsal feminino podemos destacar no geral as mulheres que já representaram e as que ainda representam a seleção brasileira feminina, já que, até hoje, todas que passaram por lá ajudaram o Brasil a ser campeão de todas as competições que disputou até aqui. Imagina ter uma seleção que nunca perdeu um jogo oficial até hoje? Pois é. Entre alguns nomes representantes desse grupo de atletas ao longo dos anos podemos citar Cilene Paranhos, Juliana Delgado, Lu Minuzzo, Vanessa Pereira, Jessikinha, Giga, Nega, Tampa, Diana e Amandinha.
Falando em Amandinha, ela já foi eleita 7 vezes consecutivas a melhor jogadora de futsal feminino do mundo, um recorde entre homens e mulheres. No futebol feminino o recorde é de Marta, que coleciona 6 prêmios. Mais histórias desses dois esportes você encontra no episódio especial do mês da mulher no podcast do Empório do Futsal Feminino.
Fontes:
Origem Futsal | CBFS
Maria Lenk: a primeira mulher brasileira a participar de uma Olimpíada (olimpiadatododia.com.br)
Evolução histórica das mulheres nos Jogos Olímpicos (efdeportes.com)
Maurren Maggi e a incrível volta por cima no ouro na Olimpíada de Pequim (olimpiadatododia.com.br)
Aída dos Santos | (cob.org.br)
Maurren Maggi | (cob.org.br)
Agora imortal, Janeth faz 50 anos: “Não queria ser melhor que Paula e Hortência. Queria ser a Janeth” | basquete | ge (globo.com)
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/11-atletas-brasileiras-que-fizeram-historia-em-suas-modalidades/