A participação feminina do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio foi histórica. Ao todo, foram nove medalhas trazidas por mulheres, sendo três de ouro, duas de prata e quatro de bronze. Essa foi a melhor participação feminina da história do Brasil em Olimpíadas.
No Rio, as brasileiras foram responsáveis por 5 das 19 conquistas. Em Tóquio, até o momento, elas levaram nove das 20. Mais do que isso, as mulheres do Brasil foram as maiores responsáveis pelos ouros do país. Dos quatro ouros, três são de esportes femininos.
Apesar do crescimento do protagonismo das mulheres no esporte ser notório no Brasil e no mundo, um dado da Unesco ainda preocupa: somente 4% das notícias sobre o mundo esportivo são sobre esportes femininos. Esse número, quando comparado com a elevada porcentagem do desempenho das mulheres em Tóquio, fica ainda mais injusto. Afinal, por que um grupo que traz um excelente desempenho ao país ainda é tão negligenciado na mídia?
Em Tóquio, pudemos conhecer mais sobre muitas atletas que, sem dúvidas, já estão na história do desporto mundial. Vamos relembrar algumas das principais conquistas das mulheres brasileiras nos Jogos Olímpicos?
Rebeca Andrade (ginástica)
Rebeca foi o grande nome do Brasil nas Olimpíadas. Ela não só conquistou a primeira medalha da história da ginástica feminina brasileira, como se tornou a primeira mulher a faturar duas medalhas em uma mesma edição de Jogos Olímpicos.
A ginasta já entrou na história na final do individual geral, quando conquistou a medalha de prata (tendo, inclusive, chances de faturar o ouro). A categoria individual geral premia as atletas mais completas do mundo, que precisam passar pelos quatro aparelhos (mesa, trave, solo e barras assimétricas) e serem boas em todos eles. E, assim, a brasileira é a segunda ginasta mais completa do mundo.
A conquista de Rebeca não foi só gigante para ela. A garota de 22 anos, que passou por momentos muito difíceis na carreira, com cirurgias e lesões, representou toda uma geração da ginástica artística brasileira. Daiane do Santos, Jade Barbosa, Daniele Hypólito e muitas outras, que colocaram a modalidade no radar e no coração dos brasileiros.
Martine e Kahena (vela)
Dizem que o Brasil é o país do futebol mas, nas últimas décadas, temos nos mostrado ser o país da vela. E muito graças a Martine Grahel e Kahena Kunze, bi campeãs olímpicas em Tóquio.
A dupla de velejadoras juntou-se ao seleto grupo de brasileiras bicampeãs olímpicas, que antes das duas, tinha seis jogadoras de vôlei, que faturaram o ouro olímpico em Pequim-2008 e em Tóquio.
Martine e Kahena tiveram um início de competição difícil mas, com o passar das regatas, retomaram a forma, os bons desempenhos e chegaram na Regata da Medalha, a última, só com grandes chances de levar o ouro. E foi o que aconteceu.
Rayssa Leal (skate)
O que você fazia aos 13 anos? A “Fadinha” Rayssa Leal, com essa idade, tornou-se a atleta brasileira mais jovem a subir no pódio entre homens e mulheres.
Na final do street park, modalidade debutante em Olimpíadas, Rayssa encantou o Brasil e o mundo com seu jeito descontraído e, sobretudo, com o amor pelo skate. Rayssa Leal conseguiu unir o Brasil, fazendo com que todos torcessem por ela e marcou seu nome na história do primeiro pódio do skate feminino olímpico.
Luisa e Laura (tênis)
A história de Luisa e Laura nada mais é do que um ótimo exemplo de superação. As duas foram, literalmente, as últimas duplas a serem chamadas da competição de tênis em duplas femininas dos Jogos Olímpicos e ficaram sabendo da participação delas poucos dias antes de embarcarem para Tóquio.
A dupla do tênis superou a desconfiança. Até a semifinal, nenhum canal de TV brasileiro tinha sequer transmitido um jogo delas porque, por não acreditarem nas chances delas, não compraram os sinais das quadras que seus jogos aconteceram. Elas superaram também grandes adversárias, como a dupla russa Elena Vesnina e Veronika Kudermetova, que foi vice campeã de Roland Garros esse ano. Elas faturaram o bronze com um delicioso gosto de ouro.
Essa foi a primeira medalha do Brasil no tênsi nas Olimpíadas. Nada mal para as “azaronas”, não?
Ana Sátila (canoagem slalom)
Quem disse que é preciso medalha para fazer história? Ana Sátila, a atleta mais bem colocada do Brasil na canoagem slalom, ficou decepcionada com seu desempenho. Ela vinha fazendo uma boa prova na final da modalidade, mas acabou não passando por uma das aberturas obrigatórias e levou uma punição de 50 segundos, ficando em oitavo lugar.
A canoísta de 25 anos já é uma veterana apesar da pouca idade e essa foi a terceira vez de Ana nos Jogos Olímpicos. Aos 16, em Londres, já foi bem. Aos 20, no Rio, um erro acabou a tirando das finais. Agora, em Tóquio, chegou na final. O resultado, claro, não foi o que Ana esperava, mas ela é a prova de que não é preciso chegar entre os primeiros para cravar seu nome nos livros.