No dia 15 de julho de 2015, o Clube de Regatas do Flamengo anunciou a parceria com a Marinha do Brasil no futebol feminino. Em 2020 essa parceria segue, mas agora a cobrança da torcida não é mais por ter um time apenas, eles desejam um elenco próprio sem a tão falada parceria.
É com esse contexto que o Flamengo/Marinha chega ao Brasileiro A1.
Após semanas sem muitas informações sobre contratações, diversas dúvidas e cobranças constantes não só da torcida, mas do público do futebol feminino em geral, o elenco foi fechado poucas semanas antes da estreia na competição mais importante do ano.
Para entender melhor essa relação e principalmente, para conhecer o potencial dessa equipe, preparamos um pequeno resumo sobre a parceria mais comentada do futebol feminino brasileiro.
Esse texto não foca em conteúdo legal da parceria ou sobre marketing, aqui queremos dar um norte ao torcedor, para que ele possa entender como esse elenco foi montado e porque, assim como compreender o potencial técnico da equipe. Para isso, é necessário conhecer um pouco mais sobre a parceria Flamengo/Marinha, que altera as relações de contratações e dispensas.
Em 2015 quando a parceria foi firmada o futebol feminino brasileiro tinha um outro contexto. Um novo formato ainda engatinhava, testes seriam feitos e o investimento privado ainda era baixo. A CBF buscava formas de fortalecer o campeonato e torna-lo atrativo, também conversava com os clubes para que eles participassem mais da causa. Pouco antes da Olimpíada de 2016 (ano em que a modalidade tem uma atenção maior), a parceria parecia a porta de entrada ideal para o clube. Com um elenco considerado forte, a Marinha do Brasil buscava uma equipe para manter as atletas em atividade o ano inteiro.
Em 2016 o título do Brasileiro premiou um elenco aguerrido e de muita qualidade.
De lá pra cá, muita coisa mudou. Outros clubes populares do país passaram a ter elencos de futebol feminino, novas oportunidades para as atletas, novos patrocinadores e um nível cada vez mais elevado dentro de campo.
Dessa forma, ano após ano o elenco do Flamengo foi sofrendo um enfraquecimento, mas no final de 2019 o time viu uma verdadeira debandada. Os anúncios foram feitos após muitas especulações, em conversas internas as atletas se queixavam do tratamento que recebiam no clube, uma certa falta de carinho com a modalidade.
Grande parte das atletas que deixaram o clube eram titulares da equipe, o que escancarou essa insatisfação interna. As atletas que se despediram do clube foram Day e Andressa (zagueiras), Fe Palermo (lateral) Bia Menezes, Gaby e Sâmia Pryscila (meias), Dany Helena e Larissa (atacantes). Dos nomes citados, seis foram titulares em 2019.
Outras jogadora que deixou a equipe foi Raiza, que se destacou durante na segunda parte do ano.
Após alguns dias de incerteza, muita conversa interna e uma certa correria, o clube anunciou um pacote de reforços. Dantas, que atuou pelo Cruzeiro anteriormente, Annaysa Silva que teve passagens pelo Audax-SP e Benfica, Carlinha, Michele Carioca e Edna Baiana que estavam no São José e Kelly, que atuou pelo Santos.
Todas essas atletas chegaram por contrato direto com o clube, diferente de Jayanne Queiroz, que foi selecionada pelo edital da Marinha. A atleta atuou pelo Foz Cataratas/Athletico em 2019.
Com o time titular quase todo reformulado, o Flamengo/Marinha chega a esse Brasileiro como uma incógnita. Pelo elenco, o time tem chance de figurar entre os oito primeiros colocados na competição, mas é evidente que existe uma distância em relação as potências Corinthians e Palmeiras, aos tradicionais Santos e Ferroviária e até ao “novato” Internacional. O clube precisa pensar sobre o tema e decidir qual é a sua ambição na competição nacional.
Após anos como potencial campeão, o Flamengo/Marinha figura agora como time que corre por fora, mas vale lembrar que dentro do futebol tudo pode acontecer.