A última rodada do Campeonato Brasileiro Feminino A1 reservou emoção até os últimos minutos. No confronto entre Santos e Cruzeiro estavam em disputa dois objetivos opostos, as Sereias queriam somar pontos visando uma melhor colocação na tabela. Já as mineiras precisavam de um resultado positivo, empate ou vitória, para se manter na elite nacional sem depender de outros resultados. Ao final da partida o placar de 2 a 1 favoreceu as mineiras, que foram à 15 pontos, com a derrota o Santos permaneceu com 27 pontos.
O jogo começou equilibrado, com as duas equipes buscando se impor diante do seu adversário. O Santos buscava trabalhar a bola e ocupar o campo adversário, o Cruzeiro, por sua vez, apostava em uma transição rápida. A partida se mostrou bem interessante de se assistir nos primeiros minutos.
Aos 10 minutos da etapa inicial, Mariana Santos recebeu uma falta sem bola próximo a grande área santista. A camisa 10 e capitã, Duda, foi para a cobrança que resultou em bola no travessão direito de Michelle. No rebote Carol foi mais rápida que a defesa santista e testou para o fundo do gol praticamente vazio. Gol do alívio.
Com a vantagem no placar a equipe celeste passou a jogar com mais confiança, controlando as ações, tentando ficar com a posse e ocupando o campo ofensivo. Capelinha, Carol e Duda se mostraram muito participativas no momento de manutenção da posse. Mas essa postura de diminuir o ritmo da partida durou apenas alguns minutos.
Quando o relógio marcava 30 da primeira etapa, foi possível ver um Cruzeiro se postando em bloco médio/baixo, próximo a sua área defensiva. O que resultou em um Santos com mais posse de bola, mas com dificuldade em furar o bloqueio defensivo adversário. As mineiras aproveitaram essa dificuldade santista para transitar em velocidade.
Foi em uma transição veloz que Duda encontrou Lucero pela direita, a colombiana achou Vanessinha na entrada da área. A atacante celeste dominou a bola e saiu buscando sua melhor característica, o drible em velocidade. Já dentro da área a zaga santista foi melhor e conseguiu desarmar a atleta adversária, mas a bola acabou sobrando pra Duda que finalizou de primeira obrigando a goleira Michelle a fazer uma defesa em dois tempos.
As transições do Cruzeiro se mostraram um perigo para as santistas durante todo o primeiro tempo. O time visitante parecia estar mais próximo de fazer o segundo do que o Santos de empatar a partida. As Sereias tentavam surpreender com finalizações de média/longa distância, mas sem muita eficiência.
Foi então que a bola parada se mostrou o melhor caminho para o empate. Após escanteio pela direita do ataque santista a bola alçada na área encontrou o caminho do travessão de Mary Camilo, no rebote Ketlen finalizou forte, mas a goleira cruzeirense fez ótima defesa. Cedendo novamente a escanteio.
Parecendo replay do lance anterior, a bola parada voltou a trazer problemas para as cruzeirenses e a solução para as santistas. Desta vez, após escanteio alçado na área, Amanda Gutierres cabeceou firme, obrigando Mary Camilo a ótima defesa, mas no rebote Camila estava lá para, de cabeça, igualar o placar.
O segundo tempo começou diferente do que se viu na primeira etapa. O Santos foi para cima, pressionando e buscando levar perigo nas bolas aéreas. Mostrando o porquê estão brigando entre os oito melhores colocados. Já no momento defensivo a equipe conseguiu inibir as transições, que tanto incomodaram. Existiram todos os elementos para apontar um Santos melhor do que o adversário no segundo tempo, exceção feita a falta de oportunidades claras de gols.
Aos 22 minutos da etapa final, o Cruzeiro conseguiu escapar na velocidade de Vanessinha, que tabelou com Duda, saindo em condições para fazer ótimo cruzamento para Mariana Santos. Porém a zaga santista se mostrou melhor posicionada e cortou o cruzamento.
Quando o relógio de aproximava dos 30 minutos o jogo ficou mais estudado. Ao nos aproximarmos do fim da partida o jogo assumiu contornos dramáticos, o Santos parecia apresentar volume para virar a partida. Resultado que faria o Cruzeiro depender de outros jogos para se manter na elite.
Para o time celeste cara volta no ponteiro parecia uma eternidade, para o Santos cada volta do mesmo ponteiro parecia seguir na velocidade da luz. Tensão se mostrou a melhor palavra para definir os momentos finais da partida. Até que, nos acréscimos, Vanessinha conseguiu encontrar Thalita sozinha dentro da área, a lateral esquerda colocou fim ao drama celeste com um chute firme que marcou o segundo gol da equipe.
O gol no fim trouxe um filme a todas as atletas celestes, que perderam diversos pontos em gols como o de Thalita, nos acréscimos. Após o apito final toda essa carga de tensão se transformou em alegria. O corpo desgastado pelo jogo deu lugar às lágrimas de alegria, abraços de felicidade e uma certeza. O Cruzeiro jogará a elite nacional na próxima temporada. Para o Santos o jogo não tinha toda essa carga emocional, entretanto a partida era importante. A equipe paulista agora foca suas energias na fase mata-mata da competição, que acontecerá após as olimpíadas.