Chicago Red Stars e Washington Spirit vencem e carimbam vaga na semifinal dos playoffs da NWSL

Reprodução: Twitter/@NWSL

No último domingo, 7 de outubro, aconteceram as partidas de quartas de final dos playoffs da NWSL (National Women’s Soccer League – Campeonato dos Estados Unidos). Ambos com vitórias por 1 a 0, Chicago Red Stars e Washington Spirit bateram, respectivamente, o Gotham FC e o North Carolina Courage, alcançando, assim, a fase semifinal da competição.

Partidas eliminatórias historicamente são traiçoeiras, ainda mais quando os jogos são únicos. A margem de erro beira zero e qualquer desatenção pode ser fatal. Pelo formato do torneio de pós-temporada regular, caso o confronto termine empatado no tempo normal, o duelo caminha para a prorrogação e, depois, se necessário, para os pênaltis.

Os dois embates foram bastante distintos um do outro. Red Stars e Gotham protagonizaram um jogo muito travado e estudado no meio-campo. Por outro lado, Spirit e Courage participaram de um duelo aberto, com alternância de dominância, e que foi decidido apenas no tempo extra.

CHICAGO RED STARS 1 x 0 GOTHAM FC: o choque dos meio-campos

O Chicago, cabeça de chave número 4, recebeu, no SeatGeek Stadium, o Gotham, quinto cabeça. A famosa “Lei do ex” deu as caras no confronto. Scott Parkinson, que assumiu o cargo de treinador do Gotham no final de agosto, era assistente técnico da equipe de Chicago. Já Sarah Woldmoe, antiga capitã da equipe com base em Nova Jersey, e Mal Pugh fizeram a rota inversa no começo da temporada.

O duelo se desenhou com um choque no setor de meio-campo. Ambos os times atuaram em um 4-3-3. As trincas Woldmoe, Morgan Gautrat e Vanessa DiBernardo, pelas donas da casa, e Allie Long, McCall Zerboni e Naho Kawasumi, pelas visitantes, protagonizaram vários embates que acabaram travando a evolução e criação das jogadas.

A primeira etapa foi de muita transpiração e pouca inspiração, sem lances que levassem grande perigo para as goleiras. Os dois sistemas defensivos foram muito sólidos e conseguiram neutralizar as principais armas ofensivas dos oponentes: Pugh e Kealia Watt, pelo Red Stars, e Midge Purce e Ifeoma Onumonu, pelo Gotham. Outro ponto que chamou atenção foi a marcação mais alta nas saídas de bola, vista por vários momentos.

Na segunda etapa, Rory Dames, treinador do time da casa, fez um pequeno ajuste tático que melhorou seu controle de jogo. Gautrat, que vinha mais recuada ao lado de Woldmoe, ganhou um pouco mais de liberdade em campo, mais à esquerda no setor central, com DiBernardo caindo do centro para direta e Woldmoe como primeira volante. Tal feito contribuiu para um melhor encaixe, além de potencializar as associações no ataque com Pugh, Watt e Rachel Hill.

Um erro de leitura de Kailen Sheridan colaborou para que, aos 60 minutos, o Red Stars assumisse a liderança do placar. A goleira, na tentativa de repor uma bola rápida com as mãos, visando pegar a zaga oponente desorganizada, lançou bola no centro para Zerboni, que estava de costas para o ataque. Atenta e agressiva, Woldmoe – a melhor em campo, para mim – fez o desarme com excelência e passou ótima bola para Pugh. A atacante, de primeira, bateu muito bem, sem chances para a arqueira.

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Mal Pugh. Foto: reprodução – Twitter @NWSL

Gotham sentiu o golpe, permanecendo sem levar perigo ao gol das donas da casa. A estratégia de Parkinson não funcionou. Seu meio pouco construiu, Carli Lloyd não estava inspirada, e Purce e Onumonu foram completamente dominadas pela linha de zaga do Chicago. Em entrevista pós-jogo, o comandante revelou que seu plano de jogo era tentar tirar as laterais do Red Stars de posição e puni-las com cruzamentos na área. No entanto, Tatumn Milazzo e Arin Wright (laterais) atuaram de forma muito disciplinada, bem postadas na defesa, sem avançar para o ataque. O jogo coletivo do time mandante foi muito mais efetivo.

Aos 78 minutos, Pugh teve grande chance para definir o confronto. Recebeu ótimo passe longo de Gautrat, avançou em velocidade, mas parou em bela defesa de Sheridan. O Gotham tentou pressionar na reta final, mas não chegou a obrigar Cassie Miller a realizar nenhuma intervenção providencial.

Com o fim da partida e sua eliminação, Carli Lloyd acabou por encerrar, de forma definitiva, sua carreira. A atleta já havia se aposentado da seleção dos Estados Unidos no final de outubro.

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Melhores momentos. Reprodução – Twitter @NWSL

FICHA TÉCNICA

Competição: National Women’s Soccer League (Campeonato dos Estados Unidos)

Local SeatGeek Stadium – Bridgeview, Illinois, EUA

Horário: 17h00 (de Brasília)

Transmissão: Twitch (NWSLOfficial2)

Gol: Mal Pugh (Chicago Red Stars)

Cartão amarelo: Sarah Woldmoe, Vanessa DiBernardo (Chicago Red Stars); Estelle Johnson, Mandy Freeman, Carli Lloyd (Gotham FC)

CHICAGO RED STARS: Cassie Miller; Tatumn Milazzo, Sarah Gorden, Tierna Davidson, Arin Wright; Vanessa DiBernardo, Sarah Woldmoe, Morgan Gautrat; Rachel Hill (Alyssa Mautz), Kealia Watt e Mal Pugh (Katie Johnson). Técnico: Rory Dames.

GOTHAM FC: Kailen Sheridan; Caprice Dydasco, Gina Lewandowski (Mandy Freeman), Estelle Johnson, Imani Dorsey (Elizabeth Eddy); McCall Zerboni (Gaëtane Thiney), Allie Long, Naho Kawasumi (Paige Monaghan); Ifeoma Onumonu (Evelyne Viens), Carli Lloyd e Midge Purce. Técnico: Scott Parkinson.

WASHINGTON SPIRIT 1 x 0 NORTH CAROLINA COURAGE: recital das goleiras, mas com final amargo para a visitante

Cabeça de chave número 3, o Washington Spirit recebeu o North Carolina Courage, sexto cabeça, no Estádio Audi Field. A equipe da casa, que vinha embalada pelos seus ótimos resultados na reta final da temporada regular, era favorita para o confronto, ainda que a maioria de suas atletas não tivessem experiência em playoffs. Por outro lado, o Courage, com experiência de sobra em pós-temporada, chegou em meio a grande instabilidade, com uma sequência de resultados ruins que quase custaram sua vaga.

Kris Ward, treinador interino das donas da casa, buscando dar consistência ainda maior ao seu meio-campo, sacou do time titular Tara McKeown (atacante) para a entrada de Taylor Aylmer (meia). Com a mudança, Ashley Sanchez iniciou o jogo como meia/ponta pela esquerda. Imagino que a estratégia do comandante era tentar populacionar mais o setor central, gerando superioridade numérica – Spirit atua em um 4-3-3, que pode variar para 4-3-1-2 ou 4-2-3-1.

O Courage, do também interino Sean Nahas, costuma atuar em um 4-2-2-2, que se transforma muitas vezes em um 4-2-4. Com pouca presença no meio-campo (apenas Cari Roccaro e Denise O’Sullivan mais postadas), muitas vezes a inferioridade numérica no setor fica evidente e a equipe acaba passando por dificuldades de construção ofensiva.

A partida foi marcada pela alternância de dominância. O Spirit buscou construir suas jogadas desde sua saída de bola. Andi Sullivan e Dorian Bailey, que fazem ótima temporada, ficavam responsáveis pela transição para o campo de ataque. O jogo passou a fluir mais quando Sanchez trocou de posição com Aylmer, passando a atuar mais por dentro, ora como uma típica “camisa 10”, ora como falsa 9. A equipe chegava bem ao campo de ataque, mas pecava nas tomadas de decisão e nas execuções no terço final. Ashley Hatch e Trinity Rodman tiveram chances de abrir o placar, mas não conseguiram vazar o gol de Casey Murphy.

O Courage encontrava muitas dificuldades de construir, pelo chão, as jogadas desde sua saída de bola. Mas, aos poucos, espaços no sistema defensivo do time da casa foram surgindo, especialmente nos contra-ataques. Debinha e Amy Rodriguez apareceram muito bem na primeira etapa e tiveram as principais chances da equipe. Aos 22 minutos, Merritt Mathias recebeu de Lynn Williams e cruzou para a área. A brasileira subiu de cabeça e Aubrey Bledsoe fez sua primeira boa intervenção na partida. Aos 32, Debinha fez ótima jogada e enfiou bola para Rodriguez. A atacante finalizou bem, mas parou na excelente defesa da arqueira.

O segundo tempo manteve a toada do primeiro. O Spirit começou muito bem. A experiente Tori Huster entrou no lugar de Aylmer e deu mais solidez para a equipe. Os primeiros 5 minutos foram de domínio total do time da casa. Sullivan e Rodman tiveram boas chances, mas finalizaram para fora. Já Kelley O’Hara chutou de fora e foi barrada pela belíssima defesa de Murphy.

A partir dos 53 minutos, a dominância mudou. As visitantes conseguiram encaixar boa marcação na saída de jogo do Washington, dificultando a construção da equipe. Com isso, o time da Carolina do Norte forçou muitos erros e se impôs no campo de ataque. Jessica McDonald aproveitou cruzamento de Carson Pickett e cabeceou firme. Bledsoe fez mais um milagre para manter a igualdade no placar. Nos minutos seguintes, a arqueira continuou fazendo boas intervenções. Aos 61, Debinha emendou, de primeira, cruzamento de Mathias. A bola beijou a trave e Rodriguez parou o rebote na goleira.

Tentando retomar as rédeas da partida, Ward mexeu na equipe aos 70 minutos. O trio Sanchez – Rodman – Hatch não funcionava mais e o treinador optou pela saída da primeira. McKeown entrou e deu nova dinâmica ao time. Aos 74, a atacante quase marcou, mas parou em mais uma grande defesa de Murphy.

O Spirit se animou e passou a subir mais sua marcação. Sullivan – para mim a melhor jogadora de linha em campo – comandava o meio da equipe, sendo fonte segura na construção por meio de passes, além de estar ligada nas interceptações e desarmes. A meia teve grande chance aos 77 minutos, mas Murphy foi no ângulo buscar o chute.

Courage teve algumas oportunidades nos minutos finais do tempo regulamentar. Mas Williams não conseguiu capitalizar nas cobranças de escanteio de Pickett e a partida caminhou para o tempo extra.

A tensão era evidente nas equipes. O nervosismo e o cansaço se mostravam em cada chance perdida, além das excelentes intervenções das arqueiras, que pareciam intransponíveis.

A prorrogação foi de domínio total do Spirit. Bailey, Hatch e Rodman obrigaram Murphy a realizar boas defesas na primeira etapa. A equipe conseguia criar com um pouco mais de facilidade, muito pela diminuição da intensidade da marcação do Courage, que lutava contra o cansaço (Nahas realizou apenas uma substituição no tempo normal e só realizou outras trocas após o minuto 105).

Aos 110 minutos, Taylor Smith, que havia entrado há pouco, teve grande chance em seus pés. A atacante recebeu em velocidade, entrou na área e, mesmo sem o ângulo ideal, resolveu chutar, atingindo a rede pelo lado de fora. A brasileira Debinha, que fez bom jogo, estava melhores condições de finalização dentro da área.

Cruel, o futebol é um esporte que não perdoa. Aos 112 minutos, O’Hara e Sullivan fizeram boa trama, que resultou em passe para Rodman. A atacante recebeu na ponta esquerda, partiu para cima de sua marcadora e cortou para chutar. A finalização, rasante, não foi tão potente, mas Murphy, que fazia partida enorme, deu rebote nos pés de Hatch. A artilheira da NWSL não vacilou e mandou a bola para as redes, explodindo a torcida no Audi Field.

O gol sofrido foi um balde de água fria para o Courage. A equipe tentou buscar o empate, mas parou no próprio cansaço e no desespero. Spirit apenas controlou o final do jogo e carimbou sua classificação.

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Comemoração do Washington Spirit. Foto: reprodução – Twitter @NWSL

Por fim, destaco a declaração da autora do gol em entrevista pós-jogo. Hatch afirmou que a equipe foi para a prorrogação com a estratégia de chutar bolas baixas no gol de Murphy, visto que a goleira estava doutrinando pelo alto. O plano deu certo e a equipe conseguiu capitalizar dessa forma.

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Melhores momentos. Reprodução – Twitter @NWSL

FICHA TÉCNICA

Competição: National Women’s Soccer League (Campeonato dos Estados Unidos)

Local: Audi Field – Washington, D.C., EUA

Horário: 19h30 (de Brasília)

Transmissão: Twitch (NWSLOfficial2)

Gol: Ashley Hatch (Washington Spirit)

WASHINGTON SPIRIT: Aubrey Bledsoe; Kelley O’Hara, Emily Sonnett, Sam Staab, Tegan McGrady (Julia Roddar); Andy Sullivan, Taylor Aylmer (Tori Huster) (Anna Heilferty), Dorian Bailey (Paige Nielsen); Trinity Rodman (Saori Takarada), Ashley Hatch e Ashley Sanchez (Tara McKeown). Técnico: Kris Ward.

NORTH CAROLINA COURAGE: Casey Murphy; Merritt Mathias (Ryan Williams), Kaleigh Kurtz, Abby Erceg, Carson Pickett; Cari Roccaro (Angharad James), Denise O’Sullivan; Amy Rodriguez (Meredith Speck), Debinha; Jessica McDonald (Taylor Smith) e Lynn Williams. Técnico: Sean Nahas.

SEMIFINAIS DEFINIDAS

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Chaveamento dos playoffs. Foto: reprodução – Twitter @NWSL

Com esses resultados, estão definidos os próximos confrontos dos playoffs. No próximo domingo, 14 de novembro, o OL Reign recebe o Washington Spirit, e o Portland Thorns recebe o Chicago Red Stars. Os vencedores desses duelos se enfrentarão na grande final da NWSL, que acontecerá no dia 20 de novembro, no Lynn Family Stadium, em Louisville.

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