Por: Empório do Futsal Feminino
A Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) anunciou no dia 09 de março, através de um comunicado oficial, que a 28ª edição da Taça Brasil de Futsal Feminino, prevista para ocorrer entre os dias 23 e 27 de março em Brasília/DF, foi cancelada. Essa notícia foi dada, ironicamente, no Dia Internacional do Futsal e um dia após o Dia Internacional da Mulher.
Considerando a situação atual do futsal feminino no Brasil, o Empório do Futsal Feminino resolve publicar uma carta aberta sobre o cancelamento da edição 2020 da competição:
Silêncio:
substantivo masculino
1. estado de quem se cala ou se abstém de falar.
2. privação, voluntária ou não, de falar, de publicar, de escrever, de pronunciar qualquer palavra ou som, de manifestar os próprios pensamentos etc.
Após o cancelamento da Taça Brasil Sicredi de Futsal Feminino – Divisão Especial de 2020 na última terça-feira, 09/03/2021, o Empório do Futsal Feminino não vai permanecer em silêncio.
Mas antes, uma contextualização:
Neste mesmo dia, segundo o site do G1, 1.954 mortes foram contabilizadas em 24h pelo COVID-19 no Brasil. Ontem, segundo a UOL, chegamos a espantosos 2.349 óbitos, o que nos fez ultrapassar a marca de 270 mil pessoas que perderam suas vidas por conta desta terrível pandemia que alastra o país e o mundo.
Este cenário acaba por gerar Decretos no Distrito Federal, sede da competição que era prevista para daqui duas semanas, que suspendem atividades comerciais e indicam toque de recolher entre outras restrições que você pode conferir na nota oficial da Confederação Brasileira de Futsal (CBFS).
Os números assustam (e muito), por isso, compreendemos, valorizamos e CONCORDAMOS com os decretos e as duas únicas ações que podem e vão salvar vidas: isolamento social e vacinação da população.
Mesmo diante disso, o Empório do Futsal Feminino, enquanto veículo de informação e fomento do Futsal Feminino, considera que o CANCELAMENTO da maior competição do calendário nacional, referente ao ano de 2020, é uma amostra de descaso da Confederação com a modalidade e explicaremos o porquê.
A competição nacional iria acontecer em Brasília/DF, contaria com a partição de equipes de qualidade de vários estados brasileiros e algumas que protagonizam o cenário nacional como é o caso de Leoas da Serra (SC), Cianorte (PR), Celemaster (RS), Taboão (SP) e ADEF (DF).
Além destas e de outras equipes de qualidade, atletas de altíssimo nível, incluindo algumas que vestem a amarelinha, entrariam em quadra para disputar a fase de grupos, semifinais e a sonhada final em um intervalo de cinco dias. A previsão era uma competição acirrada desde o primeiro jogo; partidas emocionantes e lances para ficar na memória de quem assiste.
Mas, infelizmente, não é isso que acompanharemos.
O que estamos acompanhando pelas redes sociais é o posicionamento de atletas e amantes da modalidade, como é o caso da Marina, atleta do Celemaster/RS e colaboradora do Empório do Futsal Feminino, que se pronunciou em sua conta pessoal do Instagram e recebeu comentários de outras atletas concordando e apoiando seu posicionamento.
A Taça Brasil é considerada por muitas equipes e atletas como a maior competição do calendário nacional e, em um ano atípico como foi o de 2020, esta competição era esperada por todo mundo, inclusive patrocinadoras/es.
Dada a importância e as características da competição, ela pode ser considerada como ponto chave nas negociações das equipes e atletas para que, mesmo em meio a todo este caos que ainda estamos vivendo, um patrocínio se mantenha ou que novos cheguem. E mais, também pode ser considerada como uma oportunidade para pessoas que vivem da modalidade de aparecerem no cenário nacional!
Mas Empório, vocês falaram que concordam com as medidas de isolamento, o que vocês proporiam?
Mesmo que ninguém tenha realmente nos perguntado, e pelo que ficamos sabendo, não perguntaram nem a todas as equipes participantes da competição (que ficaram tão surpresas com o cancelamento quanto nós), IDEALIZAMOS dois cenários possíveis:
1. Manter os moldes já previstos e adiar mesmo que invada o calendário de 2021.
E que calendário de 2021? Mesmo que a gente deseje muito, a pandemia não vai acabar até abril, que é quando o novo calendário está previsto para ser iniciado. A manutenção da Taça, mesmo que adiada, mesmo que concomitante a outras competições, é um norte importantíssimo para patrocinadores, para comissão, para atletas. A realização dela é essencial, mesmo que um ano depois.
2. Adiar e ainda criar melhores condições para a realização da competição.
As considerações para o adiamento são as mesmas acima e são 5 dias, não 5 semanas. Será que não seria possível criar uma “bolha” com comissão, atletas e arbitragem? Testagem assim que todo mundo chegasse, alimentação toda em um hotel, transporte somente para quadra, sem público… Veja bem, criar condições e não bancar, porque sabemos que a CBFS, organizadora da competição, não oferece subsídios para as equipes e são essas que arcam com todos os custos.
Se em Brasília não fosse possível, há muito prejuízo em remanejar a sede e assegurar a realização do campeonato no local em um ano futuro?
Entendemos que o adiamento é inevitável. Mas uma ou outra, senão as duas possibilidades que listamos, já pode ter sido pensada pela CBFS e descartada por n motivos que não conhecemos. Mas, senão os conhecemos, não os reconheceremos, não os entenderemos e não concordaremos com o cancelamento. Inclusive, a transparência em relação aos planejamentos e decisões da entidade seria muito bem-vinda e necessária.
Através apenas de uma nota informativa no site oficial da CBFS, o Futsal Feminino acabou de ter sua maior competição nacional cancelada. Ao lado desta, a notícia de que o troféu da Taça Brasil Sicredi de Futsal Masculino 2020, disputada em Fevereiro de 2021 e vencida pelo Minas, chegou a capital mineira.
Se isso não for descaso com a modalidade feminina, nós não sabemos o que é.
O Futsal Feminino merece ser tratado com seriedade e respeito. Por isso, não ficaremos em silêncio
– Empório do Futsal Feminino
