Nesta data FIFA a Seleção Brasileira fará dois amistosos contra a equipe da Austrália. Os jogos, marcados para os dias 23 e 26 de outubro, irão acontecer no CommBank Stadium, em Sydney / Austrália, e a expectativa é de casa cheia para acompanhar o duelo. O Estádio poderá receber 75% (22.500 lugares) de sua capacidade de público e quase todos os setores liberados já estão esgotados.
A partida entre as equipes marca a volta da Seleção Australiana para casa após 600 dias, o último jogo do time em casa foi em março de 2020, quando disputou as eliminatórias para os Jogos Olímpicos de Tóquio. A partida também representa o primeiro jogo do técnico Tony Gustavsson em solo australiano desde que assumiu o comando do time. Os numéros do sueco a frente da equipe não são muito animadores, apesar de conseguir chegar a uma inédita semifinal de Jogos Olimpícos. Em 12 jogos a frente das Matildas, Gustavsson conquistou apenas duas vitórias (aproveitamento de apenas 22,22%), uma contra a Nova Zelândia por 2 a 1, e outra contra a Grã Bretanha por 4 a 3, ambas durante as Olímpiadas. Ele acumula 8 derrotas, 2 empates e 2 vitórias nesse período, marcando 17 gols e sofrendo 30. Contra o Brasil, o treinador busca sua primeira vitória em amistosos.
Sede da próxima edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino da FIFA, a Austrália tem traçado um caminho mais sustentável na modalidade. Desde 2019 as atletas nacionais recebem o mesmo salário mínimo que os atletas da liga masculina. Também em 2019, a Seleção Feminina passou a receber o mesmo que a Seleção Masculina para defenfer as cores do país.
O Ano do Centenário
No último dia 24 de setembro, a Austrália comemorou a marca de 100 anos da primeira partida de futebol feminino registrada no País. O duelo aconteceu no Gabba, em Brisbane, e contou com a presença de 10 mil pessoas. Em celebração a esta data tão marcante, a Federação inaugurou um mural comemorativo no estádio Football Queensland em homenagem as pioneiras da modalidade na terra dos cangurus. O mural ilustra pessoas de todas as partes do jogo, desde as bases até o nível profissional. Jogadoras da seleção nacional, treinadores, árbitros, administradores, fãs, voluntários e jogadoras de base são todos representados por meio do design das co-artistas, Sarah Sculley (artista mural) e Kim Walmsley (artista Mununjali).
Como chegam as Matildas?
O time comandado por Tony Gustavsson oscila muito e ainda não conseguiu se firmar na temporada, tendo vivido muitos momentos de altos e baixos. Muito da instabilidade da equipe passa pela drástica mudança de estilo de jogo implementado por Gustavsson. As principais mudanças promovidas pelo sueco está na defesa. Ele tem feito muitas improvisações no setor a fim de comportar um esquema com 3 zagueiras. O time se posta em um 3-4-3, variando para um 3-4-2-1, com as 3 atacantes se posicionando mais pelo miolo do campo. Outro ponto que tem impactado diretamente no desempenho da equipe são as muitas mudanças nas escalações de um jogo para outro e, além disso, o treinador costuma usar várias atletas em posições e setores que não estão acostumadas a jogar normalmente.
A maior dor de cabeça das australianas tem sido o sistema defensivo que se tornou uma “peneira” e já sofreu 30 gols em 12 jogos, ostentando uma média alarmante de 2,5 gols por partida. Quando a Austrália está em momentos defensivos, suas alas descem, formando, assim, uma linha de 5 atrás. Na saída de bola, as zagueiras pelos lados dão amplitude e uma meia desce para auxiliar Polkinghorne. Mas as improvisações na defesa tem gerado um efeito dominó na equipe. As ideias do treinador se estendem a todos os setores do campo, é volante atuando de zagueira, meia central como ala. Atacante como ala/lateral, atacante como meia e afins. São mudanças que, somadas, deixam o time bastante desprotegido contra seus adversários.
Uma caracteristica da equipe a ser observada pela Seleção Brasileira está na marcação pressão na saída de bola, que costuma ser liderada pela estrela e capitã do time, Sam Kerr. Essa tática tem gerado muitos buracos e falhas na marcação do time, e um passe ou drible mais elaborado pode quebrar as linhas de marcação delas, criando assim um certo espaço disponível para a progressão do jogo, e um convite para um ataque em velocidade. A bola aérea defensiva das Matildas é um ponto fraco a se explorar, mas, o jogo aéreo ofensivo é igualmente perigoso, com Sam Kerr sempre se posicionando muito bem entre as defensoras adversárias.
No último jogo da equipe, contra a Irlanda na data FIFA de setembro, Gustavsson mandou a campo um time postado no 3-4-3 e que dentro do jogo variou para um 3-4-2-1. O 11 inicial tinha Mackenzie Arnold no gol, uma linha de 3 formada por Courtney Nevin, Alanna Kennedy e Clare Polkinghorne. No meio campo, Steph Catley, Kyra Cooney-Cross, Chloe Logarzo e Tameka Yallop. No ataque, Mary Fowler, Sam Kerr e Emily Gielnik. Salvo atletas que não foram convocadas devido a lesões, espera-se que o 11 inicial que vai a campo no próximo sábado, pela primeira vez, não mude tanto em relação ao time que enfrentou a Irlanda. Os desfalques da equipe para esses duelos contra o Brasil são: Chloe Logarzo (lesão de LCA), Emily Gielnik (lesão no dedo do pé), Elise Kellond-Knight (lesão no joelho) e Hayley Raso (lesão no ombro).
A Austrália é um time desequilibrado, e que ainda procura se encontrar nas ideias do novo comandante. Mas, um dia inspirado de suas jogadoras históricas pode causar muitos problemas aos adversários. Serão partidas duras, por toda a rivalidade que envolve o confronto.
Retrospecto de Tony Gustavsson com a Austrália:
21/09/2021 – Irlanda 3×2 Austrália
05/08/2021 – Austrália 3×4 EUA
02/08/2021 – Austrália 0x1 Suécia
30/07/2021 – Grã Bretanha 3×4 Austrália (prorrogação)
27/07/2021 – EUA 0x0 Austrália
24/07/2021 – Suécia 4×2 Austrália
21/07/2021 – Austrália 2×1 Nova Zelândia
14/07/2021 – Japão 1×0 Austrália
15/06/2021 – Suécia 0x0 Autrália
10/06/2021 – Dinamarca 3×2 Austrália
13/04/2021 – Holanda 5×0 Austrália
10/04/2021 – Alemanha 5×2 Austrália
*Texto feito com a colaboração de Amanda Viana, especialista do PFF em futebol feminino.