Stuart Franklin/Fifa via Getty Images
Suspenso pelo Comitê de Ética Independente da FIFA desde o dia 12, por acusações de abuso sexual contra jogadoras da seleção do Afeganistão, Keramuudin Karim, presidente da Federação Afegã de Futebol terá ainda muito mais do que explicar. Na última quinta-feira (27), o jornal britânico The Guardian, divulgou relatos mais detalhado das atletas, onde elas revelam a maneira violenta como o presidente da federação abusava das atletas.
Além das denúncias de abuso sexual, as vítimas relataram muitas agressões físicas. Anonimamente, uma das atletas chegou a afirmar ter sido esmurrada e sexualmente agredida por Karim, além disso ela revela ter sido ameaçada com uma arma caso revelasse o acontecido. De acordo com a atleta, o agressor ameaçava matar membros da família da atleta.
Em um relato angustiante, uma das atletas conta como era a prática criminosa do presidente. No relato ela pede ajuda para o transporte para os treinos
– Eu pedi ajuda. Ele começou a tentar chegar mais perto de mim e disse: “Eu quero ficar mais próximo de ti, quero ver o teu corpo”. Tentei ignorá-lo, fui muito correta com ele e disse-lhe “Ouça, eu preciso de dinheiro para os transportes, não tenho dinheiro. Pode ajudar-me? Se não puder, deixe-me ir”
E na intenção de levar vantagem, Karim agia de forma covarde
– “Não se preocupe. Vou te dar o dinheiro”. Disse-me para o seguir para o próximo quarto e fui com ele. Pensei que me fosse ajudar. (…) Era como um quarto de hotel. (…) Ele fechou a porta e disse para me sentar na cama. (…) Começou a empurrar-me. Levantei-me e tentei lutar, mas ele me deu um soco na cara. Caí, tentei fugir e abrir a porta, mas não dava. Ele me deu outro murro na cara e na boca. Saía sangue pelo meu nariz e lábios. Começou a me bater Caí e tudo começou a ficar escuro. Quando acordei, havia sangue por todo o lado, a cama estava coberta de sangue, saía sangue da minha boca, nariz e vagina”
Existe ainda relatos que o agressor chegou a ameaçar atletas em frente a colegas falando que ira cortar a língua de uma delas. Ela também chegou a ser abusada, mas conseguiu fugir
Outra prática de Karim era difamar atletas que decidiram deixar a seleção após alguns casos de abusos. Em um dos caso ele deu a entender que uma das atletas deixou a seleção por ser lésbica usando o termo de maneira pejorativa.
Em uma das falas divulgadas pelo jornal britânico mostra um estado de impotência pelas atletas, que afirmam não terem esperança que isso acabe tão cedo, já que essa prática abusiva do presidente teria sido normalizada devido ao poder que ele tem.
– O comportamento dele se tornou aceitável entre a equipe de futebol feminino. Ninguém lhe pode fazer frente porque ele é muito poderoso…Hoje as mulheres não podem erguer a voz porque estão com medo. Podem ser mortas.
Keramuudin Karim segue suspenso pela FIFA por 90 dias. O prazo da sansão pode ser prorrogado até que seja encerrada a investigação do caso.