A história brasileira no Mundial Sub-17 de Futebol Feminino

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A história da Copa do Mundo Sub-17 se inicia em 2003, após o grande e relevante sucesso que se obteve a primeira edição do Mundial Sub-19 (no ano de 2006 passaria a ser sub-20), que aconteceu em 2002 no Canadá. A FIFA (Federação Internacional de Futebol) propôs a criação de um segundo torneio para as jovens jogadoras da época, buscando estruturar, da maior visibilidade as novas gerações e estabelecer igualdade dentro da modalidade, já que este torneio existe no futebol masculino desde 1985. A princípio diversos empecilhos foram colocados em pauta buscando barrar a criação deste torneio, muitos alegavam que seria difícil para as confederações montar seleções sub-17 e que seria improvável que jogadoras desta idade pudessem fazer um bonito espetáculo digno de uma Copa do Mundo.

Resistindo as fortes criticas, foi no de 2005 que a FIFA começou a colocar em prática a ideia proposta anos atrás e passou a trabalhar visando criar a competição em beneficio de jogadoras do mundo todo, que, consequentemente, muitas destas se tornariam as grandes estrelas da modalidade. No ano de 2008 a Nova Zelândia, pequeno país localizado na Oceania, foi o escolhido para receber a primeira edição desta competição. As 16 melhores seleções do mundo, nesta categoria, estiveram ali entre os dias 28 de outubro a  16 de novembro para disputar o torneio que marcaria a história da modalidade.

A HISTÓRIA DO BRASIL NA COMPETIÇÃO

Nova Zelândia – 2008

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Este ano foi, talvez, o ponto mais alto do futebol feminino no Brasil, em termos de seleção. A equipe principal chegou a final dos Jogos Olímpicos da China, a seleção sub-20 ficou muito perto da classificação para a semifinal do Mundial e a sub-17 disputaria a edição inaugural da Copa do Mundo da categoria. Para chegar na Nova Zelândia a seleção precisou pegar um avião (brincadeira), o Brasil precisou passar pelo qualificatório da Conmebol, este também foi primeiro torneio da categoria na América do Sul, as brasileiras caminhavam bem para a conquista do titulo, até que uma inesperada derrota para o Paraguai fez com que o Brasil terminasse a competição com o vice-campeonato, mas também com classificação para o Mundial.

No Mundial o Brasil fez parte do equilibrado grupo D, junto com as seleções da Inglaterra, Coréia do Sul e Nigéria. A equipe brasileira era comandada pelo técnico Marcos Gaspar e tinha jogadoras de grande destaque atual, como Rafaelle, Bia Zaneratto e Thaisinha. Tanto o Brasil, como as demais equipes da América do Sul não tiveram vida fácil na competição, sentiram demasiadamente a diferença de nível técnico quando estiveram a frente de seleções europeias e asiáticas.

Brasil 0x3 Inglaterra, uma estréia para esquecer. O placar permaneceu zerado até os 26 do segundo tempo, até que com dois gols de Danielle Carter e outro de Lauren Bruton deram a vitória para as inglesas e a primeira derrota brasileira.

Brasil 1×2 Coréia do Sul, a segunda derrota. As duas seleção precisavam vencer, já que ambas haviam perdido seus jogos de estreia na competição. Após um primeiro tempo sem gols, a Coréia do Sul aproveitou e abriu o placar com Lee Min Sun, o Brasil até chegou empatar com Raquel, mas as sul-coreanas decretaram a vitória com gol de Lee Hyun Young.

Brasil 2×2 Nigéria, empate e adeus a competição. O Brasil chegou a estar duas vezes a frente do placar, porém apenas fechou sua participação com um empate contra a Nigéria. Ketlen e Rafaelle marcaram os gols brasileiros neste confronto.

O Brasil terminou o torneio na décima quarta colocação a frente apenas da Costa Rica e do Paraguai.

Trinidad e Tobago – 2010

Photo by Shaun Botterill – FIFA/FIFA via Getty Images

O torneio de 2010 deixou para trás as desconfianças da primeira edição e deu lugar para o show das atletas em campo. A seleção brasileira comandada por Edvaldo Erlacher chegava melhor preparada. As brasileiras haviam ganhado o titulo do sul-americano de forma majestosa e contavam com jogadoras que já tinha experiência, como Bia Zaneratto e Thaisinha, além de novos talentos como GláuciaLetícia Izidoro e Andressinha.

Como na ultima edição, o Brasil também ficou no grupo D, só que dessa vez junto com as seleções da Irlanda, Gana e Canadá.

Irlanda 1×2 Brasil, primeira vitória da história. A estreia brasileira foi contra a seleção da Irlanda, que havia feito um surpreendente campeonato europeu conseguido o vice-campeonato. As brasileiras contaram com um dia inspirado da atacante Gláucia que marcou os dois do Brasil, selando a primeira vitória brasileira na história da competição. Shiobhan Killeen marcou o gol das irlandesas.

Gana 1×0 Brasil, a derrota que pressionou o Brasil. A confiança conquistada na primeira partida se entrelaçou com a preocupação pela derrota na segunda partida. O único gol do jogo foi marcado por Alice Danso que aproveitou a falha da goleira brasileira.

Brasil 2×0 Canadá, matar ou morrer. Todas as seleções do grupo estavam empatadas com três pontos, o Brasil precisava ganhar ou empatar para seguir na competição em busca de sua melhor colocação no Mundial. Aproveitando as oportunidades e fragilidades do adversário, Paula e Thaisinha marcaram os gols da classificação.

Espanha 2×1 Brasil, a seleção se despede da competição. O Brasil havia terminado a fase de grupos na segunda colocação e com isso teria pela frente a forte seleção da Espanha, atual campeã européia. Alguns erros por parte da equipe brasileira foram cruciais e as espanholas souberam aproveitar muito bem. Os gols espanhóis foram marcados por Raquel Pinel e Nagore Calderón, o Brasil apenas descontou graças a um gol contra de Ivana Andres.

Oitava colocação para o Brasil.

Azerbaijão – 2012

Photo by Steve Bardens – FIFA/FIFA via Getty Images

Pela primeira vez o Mundial Sub-17 de seria disputado em um país muçulmano. O Azerbaijão, que possui pouquíssima tradição no cenário do futebol feminino, acolheu a competição buscando erguer e dar visibilidade a modalidade no país. Com mais um titulo no sul-americano, o Brasil garantiu vaga no torneio. A seleção, novamente, treinada por Edvaldo Erlacher, contava com Andressinha, que esteve em Trinidad e Tobago em 2010, além de novos talentos da modalidade, como: Byanca Brasil, Djenifer Becker e Brena.

Desta vez, o Brasil compôs o grupo C junto com Japão, México e Nova Zelândia.

 

Brasil 0x5 Japão, a estreia que tornou-se um pesadelo. Muito se esperava do Brasil nesta estreia, apesar de enfrentar uma potência como o Japão, se imaginava uma seleção melhor preparada, o que, infelizmente não foi o caso. As japonesas dominaram do começo ao fim e não deram se quer uma chance para as brasileiras. Os gols do confronto foram marcados por Masuya e Narumiya, duas vezes cada, e Sugita.

México 0x1 Brasil, alivio e felicidade. Com a goleada sofrida na estreia, o Brasil precisava de qualquer maneira vencer o México para seguir na competição. Um solitário gol de Byanca Brasil, aos 37 do segundo tempo, foi o suficiente para manter o Brasil vivo.

Nova Zelândia 3×4 Brasil, chuva de gols e classificação para as quartas. Em uma partida marcada por muitos gols, sete no total, o Brasil garantiu mais uma vez a classificação para a próxima fase. Byanca Brasil, Brena, Andressinha e Camila, marcaram os gols brasileiros neste confronto.

Alemanha 2×1 Brasil, o adeus no ultimo minuto. A Alemanha era ampla favorita para esse confronto, mas a esperança de ver o Brasil pela primeira vez na semifinal era gigante. A seleção abriu o placar com o gol de Djenifer Becker ao minuto 13′, mas as alemãs conseguiram, ainda na primeira etapa, empatar com Sara Däbritz. O combinado alemão dominava a partida e quando todos imaginavam que o confronto seria decidido nos pênaltis, Rebecca Knaak, na prorrogação, marcou o gol da vitória

Mais uma vez o Brasil termina na oitava colocação.

Costa Rica – 2014

© Conmebol

 

Pela primeira vez na história o Brasil não alcançou se classificar para o Mundial sub-17. A equipe comandada, na época, pela técnica Emily Lima foi eliminada ainda na primeira fase do sul-americano. Na competição o Brasil apenas conseguiu duas vitórias contra Uruguai e Equador, um empate com a Venezuela e uma derrota para a Colômbia, os sete pontos conquistados pelas brasileiras não foram suficientes para seguir em frente na competição. A equipe contava com jogadoras de destaque, como Julia Bianchi, Victoria Albuquerque e Gabi Nunes.

 

 

 

Jordânia – 2016

© Getty Images

Esta edição talvez tenha sido a mais especial e com maior simbólico para os organizadores da competição. Pela primeira vez um torneio de futebol feminino foi disputado no Oriente Médio, especificamente na Jordânia. Mais um momento histórico para a modalidade.

O Brasil esteve durante toda sua preparação rodeado de muita pressão, além de inúmeras dúvidas e questionamentos. O peso da possibilidade de ficar de fora de outro mundial era muito grande para jogadoras e comissão técnica. Com um time cheio de bons talentos, a seleção deixou pra trás o pesadelo de 2014 e com o vice campeonato do sul-americano conseguiu voltar ao Mundial sub-17.

Sobe o comando de Luizão, que foi auxiliar técnico de Emily em 2014, a seleção contava com jogadoras deveras promissoras, como Kemelli, Isabella Fernandes, Angelina, Ana Vitória e Kerolin. Esta geração, talvez, tenha sido marcada pela falta de sorte na hora dos sorteio dos grupos, tanto na sub-17, como posteriormente na sub-20. O sorteio colocou as brasileiras no grupo C junto a Nigéria, Coréia do Norte e Inglaterra.

Nigéria 0x1 Brasil, vitória suada. A estreia é sempre um jogo difícil e enfrentar a força física africana logo de cara é mais difícil ainda. Esta partida foi muito dura para as brasileiras, porém com um show de defesas da goleira Kemelli e o oportunismo na hora do gol de Micaelly, o Brasil pela primeira vez venceu uma seleção africana no torneio.

Brasil 0x1 Coréia do Norte, a força do futebol asiático. O Brasil chegou na segunda rodada com a possibilidade de garantir a classificação para a próxima fase, mas pela frente o confronto era contra as norte-coreanas. Com domínio de praticamente todo o jogo a Coréia do Norte venceu a partida por 1×0, com gol de Ri Hae-yon,

Brasil 1×2 Inglaterra, a seleção perde para si mesma e se despede do mundial. Pode soar como desmerecimento a Inglaterra, mas o principal adversário do Brasil nesta partida foi o Brasil. Se o empate já valia, o gol de Kerolin deu uma grande esperança para a torcida, porém o futuro do jogo foi marcado por dois pênaltis bobos, que proporcionaram a virada inglesa. A atacante Georgia Stanway cobrou de forma majestosa ambas penalidades, decretando a eliminação do Brasil.

Décimo primeiro lugar para o Brasil.

Uruguai – 2018

© AFA

 

Os olhos do futebol feminino se voltarão para o Uruguai durante esse mês de novembro. A história da sexta edição do Mundial Sub-17 começará a ser contada no dia 13 de novembro com o jogo de abertura entre Brasil x Japão. As novas gerações terão mais uma vez a oportunidade de brilhar e mostrar ao mundo um futebol de qualidade.

 

 

Grupo A: Uruguai, Gana, Nova Zelândia e Finlândia.

Grupo B: México, África do Sul, Brasil e Japão.

Grupo C: Estados Unidos, Camarões, Coréia do Norte e Alemanha.

Grupo D: Coréia do Sul, Espanha, Canadá e Colômbia.

A Band (VT) e Sportv (ao vivo) transmitem os jogos do Brasil e outras partidas da competição.

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