Histórico. É única palavra que pode descrever o jogo de volta entre Barcelona e Rosengard, válido pela quartas de final da Champions League. O time catalão, em casa, conseguiu derrotar as suecas por 2 a 0 e garantir-se pela primeira vez nas semifinais da competição, sendo o único clube espanhol a alcançar tal feito.
Uma partida, no geral, bastante equilibrada. Em desvantagem pela derrota de 1-0 em Malmö, a equipe de Marta lutou contra o relógio e tentou ao máximo se infiltrar na forte e impecável defesa blaugrana . O Barça, por sua vez, mostrou uma boa postura ofensiva, um fator ausente em suas últimas decisões (contra o PSG no ano passado, por exemplo). Se na maioria das vezes, pesava para o trio Alexia-Jenni-Olga decidirem, Vicky Losada mostrou o seu valor dentro de campo, dando a assistência para o gol de Hermoso que abriu o placar aos 52’.
O Rosengård, entretanto, estava bastante apático no segundo tempo. O time já não conseguia fugir da boa marcação do Barcelona, e, sem o apoio das companheiras, a responsabilidade de criação acabou recaindo sobre Marta. Até tiveram claras chances de marcar, mas a atuação estrondosa das defensoras azul-grenás e da goleira Sandra Paños acabou com qualquer pretensão sueca.
A classificação só consolidou-se nos minutos finais. As boas substituições, com a entrada de Barbara Latorre e Mariona Caldentey, deram ritmo ao plantel catalão, resultando no segundo gol da partida, aos 94’. A partir daí, já estava explodindo a festa dentro do Miniestadi.
O plano do técnico Xavi Llorens, de levar o Barcelona as semifinais de uma UWCL em cinco anos, acabou se concretizando em apenas dois. Um mérito não só do clube, pela profissionalização e contrações de peso (entre elas, da lateral Leila Ouhabi, da dinamarquesa Line Roddik, e, da atacante brasileira Andressa Alves) mas concomitantemente da Espanha, pela valorização do futebol feminino nos últimos anos.
Este acontecimento inédito teve como um de seus precedentes outro evento célebre: a única e inédita conquista da seleção espanhola da Algarve Cup, no início do mês de março. Nessa ocasião, a La Roja contava com oito jogadoras culés em seu elenco (Alexia, Olga, Vicky, Jenni, Ouahabi, Marta Torrejón, Mariona e Paños).
Logicamente, ganhar o primeiro título importante em nível mundial colaborou para preparar a mentalidade destas frente a jogos importantes, fato notório na partida de hoje. O Barcelona, em nenhum momento, oscilou de maneira a permitir o crescimento das suecas.
Essa caraterística vem sendo amplamente desenvolvida nas bases espanholas. No ano passado, a sub17 sofreu pela terceira vez seguida uma dura derrota nos pênaltis para as alemãs, na Euro. Dentro desse contexto, questionou-se muito a falta de preparo psicológico dentro do time. Em um período de meses, essa questão foi superada, e a mesma equipe eliminou a Alemanha nas quartas de final da Copa do Mundo sub17.
Hoje, o triunfo do Barça tem um significado muito maior do que somente uma grande memória pro clube da Catalunha. Mais ainda, expõe os frutos que a Espanha vêm colhendo de seu trabalho árduo, com adesão da federação e pelas atletas conjuntamente e de outros setores da sociedade hispânica.
Independentemente de conseguir ou não avançar até as finais, o Barcelona acabou se tornar um dos maiores símbolos da caminhada à passos largos do futebol feminino espanhol dentro do cenário mundial. A nós, resta sentar, admirar e aprender com essa formidável jornada.